Vade retro mão assassina! Deixa o tigre viver!

 Quando falo de Tigre, não me refiro ao poderoso Panthera tigres, esse grande gato predador e carnívoro, faço menção ao nosso glorioso Rio Jaguaribe, uma vez que esta palavra deriva-se do latim e significa tigre, todavia, no nosso tupi-guarani, o termo Jaguaribe possui a acepção de Rio das Onças e é com o mais sentido dos respeitos ao mesmo, que o reverenciamos como um guerreiro equiparado a esses felídeos, pois se não tivesse a resistência dos referidos selvagens, já teria sucumbido à mão desalmada do homem, este sim, o maior de todos os predadores.

                    Pois bem, o Rio Jaguaribe é o curso d’água urbano mais extenso de João Pessoa. Para você ter uma idéia do seu tamanho, recordemos que ele percorre os Bairros  Esplanada, Cruz das Armas, Varjão, Jaguaribe, Castelo Branco, Manaíra, Bessa e Miramar até desaguara na foz do Rio Paraíba. Então veja o tamanho dessa fonte de água que a natureza nos deu de presente sem pedir nada em troca, mas o que estamos devolvendo ao meio ambiente que nos presenteou com o gigante Jaguaribe?

                            O nosso Rio das Onças possui 21 quilômetros de vastidão ou comprimento. Sua nascente é no Bairro Esplanada, junto à BR 230 e sua foz é no Estuário do Rio Paraíba, bem em frente à Ilha Stuart, no vizinho município de Santa Rita, ali perto da Ilha da Restinga, depois da comunidade da Ribeira, quem quiser conhecer, na Praia do Jacaré existe uma linha de barcos populares que ao preço de R$ 2,00 (dois reais), todos os dias, faz o transporte dos nativos daqueles ilhéus e de quem desejar conhecê-las.

                            Ele nasceu junto com nosso território, ele é pai e irmão do solo pessoense, ele matou a sede dos animais silvestres, sua água serviu para o preparo da comida dos nossos antepassados, ele nos concedeu relaxamento das nossas fadigas, nos proporcionado suas águas caudalosas para banhos confortáveis e o que damos em troca a ele? Respondam por favor: O que fazemos por nosso Tigre?

                            Ele tem sofrido muito, são ataques de todos os matizes, mas ele resiste, ele é um tigre, é uma onça, é gato imenso e disposto, está ferido, mas resiste, é uma fera igual aos paraibanos da cepa, que sofrem com o seu sofrimento, com sua angústia, com as ofensas de todos os dias que a ele são dirigidas.

                            Isto não já é demais paraibanos? Pessoenses? Simpatizantes de todos os recantos e aqui adotados? Para o poderoso proprietário do Shopping Manaíra não, para ele, o Rio das Onças e do povo de Nossa Senhora das Neves merece uma lição exemplar, para aprender a respeitá-lo, para assimilar que com ele não se brinca, pois ele pode tudo, até matá-lo, destruí-lo, extingui-lo do mapa da capital dos paraibanos, já que um rio que não pede nada em troca, quer desafiar, quer restringir a expansão do seu império, não passando de um intruso, com tanto lugar para escorrer vem logo para trás, para a área do seu gigantesco empreendimento.

                            E pensa: Se posso trocar um terreno miúdo num latifúndio e o povo ter que engolir; se posso matar mangues e por ele fazer uma compensação iluminando uma artéria; se tenho vigor de ser chegado a governo e prefeito e com eles realizar escambos discutíveis e que causaram a repulsa da opinião do povo da nossa terra e com eles sento e celebro PPP órfão de legitimação popular e das vistas da comunidade; se tenho a capacidade de colocar um idoso cardíaco para morrer fora da área do meu centro de compras, imagine ceifar, eliminar, extirpar do mapa da Paraíba um riozinho chamado de Tigre, das Onças ou Jaguaribe. Às favas arroiozinho de nada e seus débeis e levianos defensores, que utopicamente, pensam que vão obstaculizar meu desiderato maior, matar a caçambadas de aterro esse incômodo que pensa que ainda serve para alguma coisa.

                            Mas aviso: Não olvide nunca, que a população corajosa, intrépida, saudável, resistente, forte, robusta e denodada que povoa João Pessoa alerta: Se o Tigre for abatido, também seremos junto com ele, mas antes bradaremos aos quatro cantos: VADE RETRO MÃO ASSASSINA, DEIXA O TIGRE VIVER!.