sábado, 16 de fevereiro de 2013



MARINHO MENDES REPERCUTIDO PELO MAIS RESPEITÁVEL E RESPEITADO JORNALISTA PARAIBANO, UM EXEMPLO DE CARÁTER, TEMIDO E AMDO RUBENS NÓBREGA













A coluna é basicamente uma crônica política, que se diferencia da análise política clássica por não se prender ao factual nem à ordem ou pauta do dia. Contato com o colunista: rubensnobrega@uol.com.br
PUBLICADO EM 16/02/2013 ÀS 08:00H POR RUBENS NÓBREGA
Esqueçam Cássio. Esqueçam Maranhão. Eles são fichinha diante de um Ricardo Coutinho em matéria de gastar dinheiro público para promover o próprio governo na mídia e, consequentemente, fazer imagem como quem asfalta estrada que pode levar à reeleição do atual governante do Estado para mais um mandato.
Digo assim porque fiquei verdadeiramente impressionado e chocado com a informação divulgada ontem por este Jornal da Paraíba: gostando ou não, votando ou não no atual governador, o contribuinte deve estar preparado para ver a gestão estadual torrar este ano quase R$ 38 milhões com publicidade.
Segundo apurou a percuciente jornalista Angélica Nunes, que assina a matéria publicada pelo JP, comparando ao que houve em 2012 a fortuna a ser empenhada em 2013 na “divulgação de programas e ações de governo” aumenta em 450% o orçamento da publicidade do Ricardus I. Isso, em ano pré-eleitoral...
Para além das desconfianças sobre o que vão fazer com essa montanha de dinheiro, trago inabalável certeza de que tal investimento é um acinte, uma afronta, uma ofensa sem tamanho à miséria em que vive a imensa maioria da população de um Estado pobre, além de tudo assolado há 14 meses pela pior seca dos últimos 40 anos.

O que daria para comprar e fazer
Com R$ 37,7 milhões, Ricardo Coutinho poderia matar a fome de 147 mil famílias do Sertão, Curimataú, Cariri... A grana dá pra comprar 147 mil cestas básicas a R$ 256,43 (preço total da cesta calculado em janeiro último pelo Ideme).
Já se fosse usar os milhões para matar a sede do povo, o governador poderia contratar mais 250 mil caminhões-pipa e botar mais água em todos os potes, quartinhas e cisternas vazios por onde grassa a estiagem em solo paraibano.
Agora, se quisesse empregar essa baba na construção de casas populares com dois quartos, sala, cozinha e banheiro, o governador conseguiria tirar pelo menos 1.500 famílias de barracos, barrancos e outras áreas de risco.
E se estivesse nos planos dar uma melhorada substancial na saúde pública da Paraíba? Poderia mandar construir no mínimo 20 Upas (unidades de pronto atendimento) para as 20 cidades mais carentes desse serviço do interior do Estado.
Talvez resolvesse construir presídios modernos para desafogar e humanizar o sistema penitenciário estadual. Beleza! Com R$ 37,7 milhões, dá pra fazer dois com 400 vagas, cada, ao custo de pouco mais de R$ 18 milhões por unidade.

Mas a prioridade pode ser outra...
Aí, camarada, se a oposição bater muito em cima (e já está batendo, a julgar por nota divulgada ontem pelo senador Vital Filho), talvez os ‘zome’ prefiram investir os R$ 37,7 milhões na compra de 1.800 toneladas de camarão rosinha do grande ou, quem sabe, de mil toneladas do filé de lagosta ou – não me espantaria – na aquisição de 640 mil fardos de papel higiênico Noivinhos.

Promotor vê o ‘inferno’ no Roger
Àqueles que julgam socialmente improdutivo construir novos presídios, peço que busquem na Internet e leiam a íntegra de um artigo intitulado ‘Estive no inferno e senti o calor da insensibilidade’, de autoria do Doutor Marinho Mendes Machado, Promotor de Justiça e membro do Conselho Estadual dos Direitos Humanos (CEDH).
O inferno, no caso, vem a ser o Presídio do Roger, onde Marinho esteve ontem na companhia dos conselheiros Guiany Coutinho, Padre Bosco e Valdênia Lanfranchi. Com licença do autor, vou dar só uma palinha, adiante, reproduzindo trecho do que ele escreveu sobre as condições em que vivem encarcerados mais de 1.300 homens numa prisão onde deveriam estar 500, no máximo.

Diga aí, Doutor Marinho Machado
Hoje, juntamente com os colegas conselheiros dos Direitos Humanos Guiany, Pe. Bosco e Valdênia, estive no inferno, aliás, no Presídio Flóscolo da Nóbrega, o popular Presídio do Roger, e, enquanto olhava aquela masmorra medieval, me lembrava de Olavo Bilac ao escrever sobre Dante.
Diz Bilac que Dante, ao atravessar o vestíbulo do inferno, avistou no seu vórtice uma multidão quieta, que não merecia nem críticas nem vivas, pois era a multidão dos omissos, dos lacunosos, dos negligentes, dos covardes, dos batedores de palmas, dos alcoviteiros e poltrões pusilânimes, que se transformaram em reles instrumentos de poderosos e se agacharem na mais demoníaca de todas as subserviências.
Não quero formar nessa multidão de párias do caráter humano e por isto quero gritar aos quatro cantos: “Um governo que aceita um inferno com mais de 1.300 homens purgando seus crimes e outros ainda para serem julgados, é insensível, desumanamente desapiedado”.
***
No original, o grito do Doutor Marinho está digitado todo em Caixa Alta. Imagino que para realçar a sua indignação diante do ‘inferno’ que queima no Roger.
  

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.