domingo, 10 de agosto de 2014

PRESIDENTE DUTRA, ISTO, AQUILO O OUTRO – CAUSOS DA DUTRA E REGIÃO

O VALENTE REGUINIER DE UIBAÍ



 









REGUINIER DE UIBAÍ - era um homem de pequena estatura, mas profundamente valente e certo dia, estava Reguinier bebendo numa bodega do Mercado de Uibaí, cidade praticamente encostada na Dutra e cujo povo é o mesmo, pois o povo que deu origem a Dutra, também gerou o povo de Uibaí, poderíamos dizer que somos dois povos irmãos, a cara de um é o focinho do outro.
Pois bem, estava cândido tomando uma boa raiz e seu cachorro estava deitado aos seus pés, quando chegou o temido e perverso Soldado Cândido, alto, forte e muito parrudo e como nesses sertões não existe nada para um Policial Militar fazer, pois a paz que reina não justifica a presença desses brutamontes, Cândido passou a desacatar Reguinier, mexendo com o anima deste que estava deitado e quieto ao lado do seu amo. Em certo momento, o Soldado Cândido chutou o cão de Reguinier, o qual perdeu a serenidade, apanhou uma travanca de porta e desferiu vários golpes contra o Soldado Cândido, o qual, sem reação, devido a rapidez de Reguinier, arqueou sobre o corpanzil e caiu com estrondo sobre a calçada do mercado de Uibaí, permanecendo ali várias horas sob o olhar de todo o povo, até ser socorrido para Irecê, onde escapou por pouco e nunca mais retornou à cidade de Uibaí.

OS DOENTES MENTAIS ENGRAÇADOS DA DUTRA E REGIÃO





 






CHICO DE ELÓI DA QUIXABEIRA

CHIDO DE ELÓI – Tive o prazer de conhecer Chico de Elói, a figura dele me lembra Mahatman Gandhi, é como se fossem irmãos gêmeos, quem o conheceu pode opinar sobre essa aparência, Chico de Elói era detentor de admirável inteligência e são deles as seguintes frase: “meu sonho é descer sem cair montado numa bicicleta sem freios numa ladeira sem fim”, “meu sonho é fazer uma festa com as meninas de Presidente Dutra e de Uibaí, dentro de uma navio sem sanitários regada a muita cerveja”.
CHICO DE ELÓI um dia estava no tronco, quem não conhece o tronco é uma criação que foi usada para prender escravos indisciplinados e que na nossa região era muito utilizada para prender doentes mentais furiosos e Chico de Elói de vez em quando tinha surtos de valentia e era colocado no tronco, que consistia em dois pesados toros de madeira de lei em cada um com uma abertura que unido ao outro formava um buraco, então as pernas do mentecapto eram colocadas dentro dessas aberturas que ao receber a outra peça, ficava impedido de sair dali. E o certo é que Chico de Elói já estava no tronco há vários dias e realizava suas necessidades fisiológicas ali mesmo, no linguajar do povo, era um bosteiro podre e fedido em volta de Chico. Mas vejam o que veio a suceder.
Lá em Presidente Dutra, o povo tinha um costume de vender carne de bode em caixotes de madeira, os quais eram colocados na cabeça do vendedor, que saí pelas ruas gritando: “olha o bode, quem quer compra bode?”, Tendo um desses comerciantes matado uma cabrinha novinha, lá chamamos de marrâzinha e saiu pelas ruas do Distrito de Quixabeira gritando, “Olha o bode, que comprar bode” e foi bater bem na porta da Casa de Chico de Elói, tendo avistado Chico fraco e já muito calmo e indagou de Chico se queria comprar bode, tendo Chico pedido para ver, se era boa e gorda, o vendedor então entregou dois quartos da marrã a Chico que imediatamente passou os mesmos sobre as fezes e sujas de bosta, devolveu os dois quartos ao vendedor que disse, não, não quero mais não, parece que você é doido, tendo Chico de Elói dito: “Quem é doido é você, que ver uma pessoa nesta situação e ainda vem perguntar se quer comprar bode” e o vendedor foi embora deixando as carnes de bode sujas de bosta para Chico de Elói, o qual imediatamente chamou a irmã que cuidava dele e disse: “Maria minha irmã, ferva um panelão de água, coloque essa carne dentro e limpe ela bem, ferva várias vezes, porque durante oito dia vou comer carne de bode da boa, ás custas daquele doido. Esta é uma história verdadeira, dentre várias de Chico de Elói, que sempre andava na casa de Nissão de Zé Pequeno, pai do nosso Dr. Uerson, uma vez que Judite de Nissão, mãe de Uerson, vem a ser sobrinha de Chico de Elói.

JOÃO DA LAGOINHA

JOÃO DA LAGOINHA – João da Lagoinha morava ali bem perto da Ladeira dos Mangues, do lado direito, sentido quem vai para o Uibaí. João adorava andar em cima das carrocerias dos caminhões, eram como se os veículos fossem deles, era extremamente caldo, pois não conseguia articular bem as palavras. Era tímido e seus locais preferenciais, eram os depósitos de compra e venda de mamona, milho e feijão, uma vez que ali sempre se encontra o objeto dos seus sonhos, potentes caminhões de carga, onde João subia nas cargas e saía feliz para os mais diversos lugares da região. Era conhecido por todos os caminhoneiros e moradores das cidades próximas, que lhes forneciam comidas e roupa. Era também inofensivo, na sua timidez, sempre ficava próximo do Depósito de Marino Velho escorado nas paredes, com o seu pé direito colado nas mesmas, posição própria das pessoas acanhadas, no sentido de serem tímidas.

FIRMICINHO DE UIBAÍ

FIRMICINHO DE UIBAÍ – Firmicinho era um doente mental perigoso, pois possuidor de um desvio mental cuja característica principal é a de não respeitar qualquer princípio morar e principalmente, de desmoralizar qualquer pessoa, sem qualquer constrangimento, essa doença ou desvio é conceituado com cretinice, ou seja, o cretino não possui nenhum freio moral, pode gritar, espancá-lo, mas seu estado psicológico permanece inalterado, o cretino sente prazer em colocar uma pessoa de destaque na sociedade numa situação difícil, sente prazer em desmoralizar e Firmicinho era um expert neste assunto. Ele inteligentemente criou um bordão que era: “Eu te carrego, eu te carrego, eu te carrego nem que seja para a Fazendinha” e certa vez, na cidade de Irecê, em pleno meio da feira do meio dia, Firmicinho avistou o Delgado Zé Rodrigues, o mais temido de todo o Estado da Bahia e não se intimdou, agarrou aas orelhas de Zé Rodrigues e gritou o bordão: “Eu te carrego, eu te carrego, eu te carrego, nem que seja para a Fazenda”.
Pelo esforço e desprendimento de três policiais e mais vários circunstantes, Zé Rodrigues conseguiu se livra de Firmicinho, mas com as orelhas vertendo muito sangue, Firmicinho descolou as orelhas do “ícone” da Polícia Civil Baiana, no entanto, tal desacato não ficou por isto mesmo não. Zé Rodrigues determinou o recolhimento de Firmicinho à Cadeia Pública de Irerê e mesmo à vista de centenas de curiosos que acorreram àquela dependência do Estado, desferiu dezenas de bolos com uma palmatória de jatobá em Firmicinho, o qual, nos intervalos do insuportável suplício, com as mãos inchadas, tentava ir nas orelhas de Zé Rodrigues gritando: “Eu te carrego, eu carrego, eu te carrego, nem que seja para a Fazendinha”! fato que fez Zé Rodrigues desistir de permanecer aplicando o castigo em Firmicinho, ecoando para todos ouvirem “Mande essa desgraça ir embora, pois este é doido mesmo”., o que fez aumentar a fama de Firmicinho.
Mas Firmicinho, como já dito era de um perigo extremo, se apaixonou por várias moças da região e em vários episódios submeteu essas vítimas a angustiantes e imorais constrangimentos.

JOÃO PEREIRA DA LAGOA

JOÃO PEREIRA - Esse perturbado mental era da nossa casa Presidente Dutra, ele entrava em crises por períodos e o sinal de que a doença havia voltado era o de que ele pintava o rosto de vermelho com sementes de urucum e passava a perambular pelas ruas com um saco cheio de molambos na cabeça, armado com um potente facão corneta e uma peixeira de 10 polegadas.
João Pereira era brabo demais e quem o chamasse de JOÃO GRILO se fosse alcançado por ele, sofreria muito, pois ele sacava suas armas e humilhava a sua presa de forma deplorável, mas não tinha coragem de violar a integridade física de ninguém, apenas era muito valente na boca, matava, esfolava, destroçava, mas nunca usou o seu facão e nem a sua faca contra ninguém. Certa feita, ele estava à noite na casa de João de Franco e eu menino falei aqui tem um grilo, ocasião em que ele pediu um candeeiro, nesse tempo não tínhamos luz elétrica e foi procurar o inseto, mas não o encontrou, intuindo que eu havia mexido com seus mais caros valores e aí foi sofrimento, até urinei no meu calção, pois ele riscava o facão e a faca no meu corpo dizendo eu vou matar, eu vou matar, mesmo João de Franco, Edimário e Josefa em cima, pedindo por tudo quanto era santo para ele me deixar ir, todavia, meu medo era tamanho, que eu estava paralisado, após João ter ido embora protestando muito, tive dificuldades para andar, não me esqueço nunca desse acontecido.

MANUEL DUÓPA

MANUEL DUÓPA era um negro de fora, possivelmente do Morro do Chapéu ou Feira de Santana, chegou na Dutra do anda e lá permaneceu até morrer, não se conheceu naquelas paragens qualquer parente de Duópa. Ele sempre andava de paletó e de sapatos social, mas a indumentária estava sempre em estado deplorável, o terno rasgado e os sapatos também. A característica maior de Duópa era colocar dois dedos nãos canos de escape de todos os caminhões que visse pela frente e em seguida limpar na própria roupa, de forma que suas roupas andavam sempre pretas de graxa e da fumaça dos canos de escape. Ele nunca disse a ninguém porque fazia aquilo, mas hoje fico pensando que era para verificar o estado do motor daqueles carros e nós que tínhamos juízo não sabíamos disto, mas um louco tinha mais conhecimento do que nós.
Duópa comia e bebia nas casas de Osmazão, Ereli e Joaquinzão de Luizinha aí na Praça e na Venida São Gabriel. Era um doido inofensivo, não fazia mal a ninguém, não obstante seus dois metros de altura.

PEDROMIRO DE ZIDORÃO – GAZOLA

Eu era ainda criança, quando começou a correr os boatos da doença de Pedromiro, um rapaz trabalhador, que possuía o seu próprio pedaço de terra e nele plantava milho, feijão e mamona, sempre com boas colheitas. Pedromiro gostava de eventos sociais, a exemplo de festas públicas e dos bares da cidade.
Rapidamente todos confirmaram que Pedromiro tinha enlouquecido, ele passou a sumir de casa por semanas inteiras e depois começou a imitar o Padre André, um Padre de Salvador que marcou época na Dutra. Pedromiro andava cantando: “Eu queria ser André, prá em Salvador a pé” e sempre era apanhado pelos parentes em outros lugares com os pés esfolados.
O nosso querido Gazola foi um bom rapaz, produtivo, trabalhador e amigo, mas as idas e vindas deste mundo velho, o transformou num demente, mas num doente mental sem perigo, sociável e que é uma das marcas da nossa terra, doidos inteligentes e mansos.
Semana que vem falaremos de outras pessoas acometidas dessa terrível patologia, pois senão irei cansar meus poucos leitores.

MEUS ABRAÇOS DE HOJE

Meus abraços de hoje vão primeiramente para o Dr. Advogado e Empresário da Região do Brejo Paraibano Monaldo Godói, o qual é fã das histórias da Dutra e não perde nenhuma coluna sobre nossa cidade. Também vão para Domingos e Leandro de Manoel dos Santos, duas pessoas de primeira linha, Cira Maia e Fuloriza, filha e viúva de Manoel dos Santos, Teco Velho e Sandra de Chicão do Lapão, Miguel Mendes, Vailton Mendes, Wilson Mendes, Valmizão de Antonio de Chicão, Tereza, Josefa, Ilza, Vanilza e Marilza de Lázaro, Sebastião do Velho Alfredo, Reilza Mendes, Maria Rita e Juscelino Mendes, Uerson e Suelma de Nissão, Sidney de Edson, Pedro, Mário, Cassimiro e Miguel de Odilonzinho, Dema e Pedrinho de Zulmiro Preto, Mucunan, Naposão, Tião, o amigo de Lelé, Onildão goleiro, Elivaldo e a sua mãe Elizabete de Vivaldo, Elisabete de Vivaldo consta em minha certidão de nascimento com testemunha do meu assentamento de nascimento, Simeão Ferreira, Hélio de Otávio, Dirceu de Manilim, Jânio de Zé de Quelemente, Domingos de Romana, aos irmãso Davizinho de Diva, Olavo e Anjos, Daladier, Gedeon, Cléber, Erivelton, Rosalia, Asdir de Anizinho lá em Niterói e para todos os meus queridos irmãos presidentinos, corajosos, trabalhadores, idealizadores, essa cidade só existe pelas mãos calosas de vocês, os prefeitos dessa terra em nada contribuem para o seu desenvolvimento, ela vai em frente pelos braços do seu próprio povo. Até semana que vem.

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