A Pastoral Carcerária e a Parábola da Semente.
Nós,
agentes de pastoral carcerária, não podemos nos esquecer da parábola da
semente, contada por Jesus nos evangelhos sinóticos: Mateus, 13,1-21; Marcos
4,1-9; e Lucas 8,4-8. Ela nos ajuda a fundamentar e alimentar o nosso trabalho
pastoral.
A
parábola é anunciada por Jesus em um momento de rejeição da sua mensagem. Como
sabemos: se de um lado havia o entusiasmo das pessoas, em relação a Jesus e sua
mensagem, havia também o forte conflito que sua palavra e suas ações
suscitavam, sobretudo, para escribas, fariseus e mestres da lei.
A
ação pastoral, no estilo e no espírito de Jesus sempre suscitará conflitos. Ele
nos assegurou com muita clareza que estava nos enviando como ovelhas para o
meio de lobos. Nós, agentes de pastoral, já compreendemos que a presença da
pastoral carcerária, muitas vezes, causa essa insatisfação e gera também, essa
rejeição, não só dentro do sistema prisional, mas também, no seio da sociedade
e da comunidade cristã ainda não esclarecida.
Na
parábola, o semeador não escolhe o lugar para semear a semente. Chão duro, com
pedras, com espinhos, terra boa. Ninguém pode estar privado dessa semente da
palavra. Ela deve ser espalhada e anunciada por todos os lugares. Lugares de
privação de liberdade, para muitas pessoas, não é lugar para a presença da
igreja.
Em
todos os ambientes serão encontrados todos os tipos de terreno. Nas prisões
vamos encontrar também terreno bom e não bom, mas nas comunidades cristãs vamos
encontrar também todos os tipos de terreno. Essa não é a questão.
A
imagem do camponês que semeia é fantástica: ele nunca desiste. Na pastoral
carcerária, pelo Brasil afora, temos também pessoas que nunca desistem. Homens
e mulheres simples, humildes, que assumem essa missão. Às vezes se faz de tudo
para afastar essa presença do semeador, mas, existe a perseverança da pastoral
carcerária através de seus agentes.
Há
quem diga: “vocês estão perdendo tempo com essas pessoas presas, que não querem
nada; vocês ajudam e elas voltam para a prisão”. Como faz o semeador, não
estamos procurando resultados. A preocupação do semeador não é colher, mas
semear. Ele sabe de todos os obstáculos, mas, também sabe, que a semente sempre vai encontrar uma terra
para seguir o seu caminho e vai produzir frutos. Com essa mesma perspectiva, a
pastoral carcaria também faz o seu trabalho no cárcere. A preocupação não é
converter pessoas, contra a vontade delas, mas lhes anunciar o amor generoso de
Deus para com elas de forma abundante, como faz o semeador, com a semente.
Para
nós, agentes de pastoral carcerária, no Brasil e no mundo, nunca podemos nos
cansar de semear. Por mais que os obstáculos estejam presentes, não podemos nos
esquecer do nosso objetivo principal. Vamos semear através da nossa presença.
Ninguém pode impedir o contato do semeador com a terra. Por outro lado, não
somos apenas agentes de pastoral que semeiam, mas somos também terreno que
precisa receber a semente. Também temos nossas resistências. Nossos corações
também são duros, por causa dos espinhos e das pedras que muitas vezes deixamos
que se acumulem.
Só
semeia bem a palavra quem já se permitiu que a mesma fosse semeada em seu
coração. Em nossas visitas vamos nos evangelizar mais do que evangelizar.
pebosco@gmail.com
Veja alguns textos:
http://apalavraecomoachuva.blogspot.com/
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