Desde
o tristonho dia em que a quase criança Fernanda Ellen desapareceu do Colégio onde
estudava no Alto do Mateus, nós que fazemos o Conselho Estadual dos Direitos
Humanos da Paraíba – CEDHPB, já estivemos duas vezes na casa de sua família,
travamos um contato aberto, respeitável e de muita confiança entre os pais
daquela linda menina, cujo desaparecimento, tem trazido a Fábio Cabral e dona
Elisângela Miranda, seus genitores, o mais amargo de todos os sofrimentos, o de
uma hora para outra, ver sumir do seu convívio a carne de sua carne, o sangue
do seu sangue, uma flor gerada, germinada, educada e amada por tão especial
casal.
Na
casa de Fábio e Elisângela o desalento, a melancolia e desolação contaminam a
todos e as emoções dos mais secos e duros corações afloram aos borbotões. É uma
família despedaçada por infortúnio terrivelmente pesado e quase impossível de
se transportar.
Na
casa de Fábio e Elisângela, isto me tocou para sempre, o irmãozinho de Fernanda
Ellen, de pouco mais de três anos, tem seus olhos vidrados no desenho que passa
na televisão, mas seu cenho fechado e triste, denota que no seu âmago as coisas
não estão bem, ele demonstra a olhos nus, que algo de muito misterioso, o de
uma perda mais do que irreparável povoa o seu coraçãozinho de mágoa, de dor, de
imensa dor. A ausência da irmã lhe atingiu em cheio, a criança acusa o golpe
com seus olhares penetrantes e agudamente espreitadores, demonstrando que sua
alminha de anjo, está angustiada, espantada, como se a dizer: “minha irmãzinha
não merece castigo tão insólito, tragam ela para mim novamente”.
O
Secretário de Segurança não sabe, mas nós sabemos de revelações que poderiam
esclarecer a lastimosa ocorrência e foi a família amargurada pelo evento cruel
e tomado de intensa dor quem nos disse: A polícia não deu ouvidos para um local
que não direi a situação, onde possivelmente a infante ainda esteja em
cativeiro. Lá existem moradores clandestinos, é um prédio abandonado habitado
por pessoas sem teto e onde um homem foi visto entrando com uma menina. Isto é
verdade, estivemos lá, checamos o cenário, mas não transpusemos os muros, mas
se o fizéssemos, recairia sobre a pecha de exibidos, de usurpadores e de
pessoas inaptas para averiguar o que só a polícia pode fazer e pior, alguém
ainda diria que nós do CEDHP fomos a causa do insucesso policial, anotando-se
que o pai já sonhou várias vezes com a menina lá, já teve visões mesmo, nas
quais acredita cegamente.
Mais
revelações: O vigia suspeito, depois de escutado uma vez só pela polícia sumiu,
escafedeu-se, nunca mais foi visto, estamos tentando localizá-lo, é da Baia da
Traição e possivelmente tenha ido lá para se subtrair a novas devassas inquisitoriais,
pois investigações se faz interrogando uma vez, duas vezes até que se chegue a
uma conclusão, via análise do discurso, seja positiva, seja negativa e não foi
o caso, .
E
mais, se a menina foi vista saindo do colégio e o local onde a família sempre
suspeitou que ela se encontre em cárcere
privado ou lá tenha estado, é de fácil acesso para quem sai do colégio e
conheça seus labirintos, porque os investigadores não se moveram das cadeiras
estofados e foram até lá?.
Em
Bayeux, uma adolescente sumiu nas mesmas circunstâncias de Fernanda Ellen,
sabemos do caso, ela foi encontrada em Pernambuco, perambulando pelas ruas de
Olinda, após ser levada por um motorista alternativo, e por qual motivo essas
investigações não se abrem para essas variantes, ela é monovariante, quando não
deveria ser.
E
ainda, existem fundadas suspeitas de que um motorista alternativo, cujo nome
foi informado pela família tenha envolvimento com o fato, mas ouviram esse homem
uma vez e deixaram para lá, numa demonstração de que ocorria aquilo que sempre
temíamos: falta de diligências, de
empenho, de busca do dado negado e esse dado pode se encontrar perto ou pode
ter sido perdido por falta de alguém que fosse buscá-lo.
Hoje,
pasmem, o chefe maior da segurança pública no Estado veio a público e jogou
a toalha, confessou o que tanto nos assombrava: A polícia não chegou a lugar
algum e agora oferece “prêmio” para
quem fornecer pistas de onde se encontra Fernanda Ellen, mas após dois meses e
sete dias Secretário, é confissão de desconcertante inércia ou falta de
habilidade no trato das ações de inteligência, fenômenos de sua polícia, que
sem dúvida, aumentaram a aflição e a amargura daquela família e até penso: a
acrimônia do irmãozinho, com seus olhos vidrados e rosto sofrido, revela que
ele sabe que temos uma polícia incapaz de desvendar o mistério que cerca o desmalhado
do diamante que habitava sua casa e é sangue do seu sangue, o seu tesouro
nascido das mesmas entranhas que o trouxe a esse mundo de tantos enigmas e
esfinges, que a sua polícia não aprendeu a desvelar.
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