segunda-feira, 19 de março de 2012

O PERFIL DE UM CORREGEDOR DO MINISTÉRIO PÚBLICO E DOS SEUS AUXILIARES

Tem muita gente que passa a vida se pautando por leis. Ignóbil e despreparado quem assim pensa, pobre homenzinho limitado e curto, cuja existência medíocre, medrosa e recuada, se basta a ele, para que os outros, inclusive seus pares, não possam se aperceber das suas tristes limitações (não sabem que leis são frutos do interesse dos poderosos da ocasião e não norma objetiva de justiça). Mas quem escreveu foi Genival Veloso: muitas dessas figuras conseguem ludibriar seus semelhantes e se passam durante muitos anos como indivíduos sapientes e paradigmas para os demais. Pura enganação, jogo de cena, pois não passam de seres atordoados, delirantes, repletos de angústias existenciais, cuja maior virtude é o fingimento: o fingir que sabe, que é digno, bom pai, bom filho, bom colega, bom profissional, quando tudo não passa de uma simulação fútil e bem encenada, cuja máscara terrível de suas crises desviantes e controladas pelo repressão do pai impiedoso, tendem uma dia a cair, o caráter não é o que se pensa e nem o que lhe amoldaram, é algo muito mais sacro do que suas pestilentas ascendências lhes condicionaram como uma ferinha amestrada.
Pois bem, a exigência que se faz para alguém que se acha digno de exercer as nobres funções de Corregedor Geral e de Corregedor Auxiliar é que possua OLHARES DIVERSIFICADOS sobre tudo o que se refere ao SAVOIR FIRE dos seus colegas, isto é: olhares antropológicos, sociológicos e filosóficos que lhes permitam perceber e captar as diferenças culturais, éticas e morais de cada um. De maneira que, é possível afirmar-se, que se esse exercente das altas funções só possui um olhar, assim mesmo distorcido do outro, é impróprio para ele e nociva à função a sua titularidade.
Tentando melhor esclarecer: Um Corregedor e um Corregedor Auxiliar precisam obrigatoriamente possuírem a percepção de que a sua formação ética e moral, não pode e nem deve ser a mesma do colega que por méritos desenvolve um trabalho como membro da sua instituição, esse OLHAR DIVERSIFICADO é necessário, sob pena de termos uma Corregedoria e Auxiliares Absolutistas, onde o único olhar válido é aquele que orienta os valores morais dos titulares de tão elevados cargos, quando tudo dentro de uma instituição democrática como o Ministério Público deve ser relativizado, ou melhor, o OLHAR deve ser dirigido para entender as diferenças e mesmo estas diferenças se chocando com suas formações, devem ser entendidas, respeitadas e toleradas, já que somos uma instituição plural e ninguém é obrigado gostar de vestir-se igualmente ao colega do gabinete de lado, nem a falar, nem a relacionar-se de acordo com os costumes e princípios que ele foi educado, às vezes, um fosso largo e profundo separa o agir, o pensar, o fazer de colegas que detém os mesmos objetivos, em certos momentos o pseudo certinho pensa que faz e aquele cuja formação antropológica lhe choca e lhe envergonha é quem faz mesmo, pois não tem vergonha de se expor, de ser chamado de mentecapto.
Se você entende que a sua formação de bem vestir-se, de não beber, de não se relacionar, de não receber as pessoas, de se trancar dentro da sua residência, de apenar dar conta dos seus processos é a correta, aí a função maravilhosa de Corregedor e de Corregedor Auxiliar restará inviabilizada, pois absolutista, você tem que dirigir um olhar antropológico, sociológico e filosófico para quem assim não se conduz, um olhar de que ele, mesmo sendo diferente de você, é produtivo, é social, é destemido, seu proceder não tem fronteiras, pois, ao contrário dos ímpios que se recolhem e querem servir de espelhos, ele ingenuamente muitas vezes se arrisca e sem fundos de palha, às vezes se excede, se expõe, mas sempre em busca do viver intenso, do viver em plenitude, pois detentor de muitas ou de todas as virtudes, não se limita a fingir como fazia os sepulcros caiados ou fariseus.
Foi Erasmo de Roterdã quem, no seu belíssimo ensaio "Elogio à Loucura" batizou esses seres derrotados e infelizes de "POBRES HOMENZINHOS", os quais, montados em títulos de Condes, Duques, Barões e outras honrarias imerecidas, pensavam que a ramaféia da sua classe, deveria fazer mesuras e continências para o seu poço de vaidades e de abjetas incompetências.
De forma que, para finalizar, o Corregedor Geral deve possuir não só um olhar, o olhar sob o qual foi educado, mas diferentes olhares, sobre as mais diversas formações e o mais importante: Sendo ele um nobre que reúne essas qualidades, também deve se cercar que quem detém os mais diversos olhares. Ser certinho, não é ser como você, é antropologicamente ter sua cultura, seus costumes e assumi-los, mesmo que sob o olhar despreparado de alguém, que os rotulam de reprovável, pequeno, miúdo.
O presente artigo não se dirige a ninguém em particular, mas apenas pretende ser uma humilde análise crítica institucional a todas as corregedorias que pensam ter um ideário democrático e hodiernamente detentora de uma visão atualizada sobre O OUTRO, SOBRE O DEVER SER, SOBRE AS DIVERSIDADES, AS DIFERENÇAS TRAZIDAS PELA MODERNIDADE.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.