sábado, 17 de março de 2012

JÚRI ARARUNA‏ - Caso Jôissi Oyala – Acusado de assassinar adolescente é condenado a 19 anos de reclusão


Foram mais de oito horas de julgamento até a sentença final. Romildo Paulino dos Santos, 34 anos, foi condenado a 19 anos de reclusão pelo assassinato de Jôissi Oyala da Silva, morta em Agosto de 2009 na zona rural de Araruna-PB.
O julgamento ocorreu no fórum Desembarcador Geraldo Ferreira Leite, na cidade de Araruna, no curimataú paraibano na tarde  desta segunda-feira (12) e foi conduzido pelo juiz de Direito, Dr. Ricardo da Silva Brito.
Ao ser questionado pelo Juiz Dr. Ricardo Brito, o acusado disse não lembrar do que ocorreu naquele ano; acrescentou que não lembra de onde conhecia a Jôissi e que levou muito tempo para descobrir porque estava preso.
A acusação, representada pelo Promotor de Justiça da Comarca de Jacaraú, Dr. MarinhoMedes Machados, pediu por homicídio duplamente qualificado. Para o promotor, o homicídio ocorreu de forma fútil e sem dar a chance da vítima se defender.  O assistente de acusação, advogado que acompanhou todo o caso, Dr. Júnior Gugel, declarou que o réu era nocivo à sociedade, não podendo, portanto, ficar em liberdade; que a conduta antissocial do acusado já revelava o perfil perigoso do criminoso.
A defesa, representada pelo defensor público, Dr. Antônio Alberto, pediu por lesão corporal grave, seguida de morte. O advogado defendeu que a jovem foi socorrida ainda com vida para um hospital. Disse ainda que ao contrário do que disse a acusação, Romildo não era nocivo à sociedade e que por não ter outros crimes, não podia ser visto como bandido. Alegou ainda que o acusado tivesse distúrbios mentais.
O Conselho de sentença, formado por sete pessoas; três mulheres e quatro homens, após toda análise, decidiu pela condenação de homicídio duplamente qualificado, previstos no Art. 121, § 2, inc. I e IV do Código Penal Brasileiro.
Romildo Paulino dos Santos foi condenado a 19 anos de prisão em regime fechado. Devendo ficar preso na penitenciária de segurança Máxima Sílvio Porto, na capital do estado da Paraíba.
Após o anúncio da sentença, os pais da Jovem comentaram o resultado. Dona Maria Aparecida, mãe da vítima, disse que esperava uma condenação maior. Carlos Alberto, pai da Jôissi, falou da dor ainda vivada com a morte da filha e lamentou que o acusado não cumpra os 19 anos completo em regime fechado, considerando os benefícios  dados por  lei. 
Na saída do Fórum nossa reportagem tentou conversar com o acusado, que disse não ter nada a declarar.
O crime
16H30. Domingo, 16 de Agosto de 2009. Jôissi Oyala da Silva, de 17 anos, voltava  do sítio do  avô, no município de Serra de São Bento-RN, quando ao se aproximar de uma passagem molhada no Rio Calabouço, já no município de Araruna-PB, foi surpreendida com a presença do acusado que se atravessou na frente da motocicleta que era conduzida por uma tia da vítima.
As duas foram derrubadas da moto e o Romildo, tomado por um sentimento de possessão incontrolável, partiu para cima da estudante e desferiu contra ela vários golpes de faca peixeira. Um dos golpes atingiu o pescoço da vítima, causando um grave ferimento.
A tia da vítima ainda tentou impedir o assassinato, mas também foi golpeada em um dos braços. Um homem em uma moto que passava pelo local, prestou socorro a tia da menor, enquanto que o acusado fugiu. O acusado teria beijado a vítima e acariciado seu corpo antes de empreender a fuga. Jôissi foi socorrida para um hospital, mas não resistiu aos ferimentos e veio a óbito.
A polícia foi acionada. A comunidade se mobilizou e horas depois do crime o acusado foi localizado por populares, preso e entregue a polícia.
Motivo do crime
 Jôissi era uma menina recatada, religiosa e dedicada aos estudos.  A jovem morava com seus pais na cidade de Passa e Fica-RN. Seu jeito meigo atraia olhares de jovens que, na sua idade, começavam sentir as primeiras paixões. Foi esse jeito sereno que atraiu a atenção de Romildo, na época com aproximadamente 31 anos de idade. Homem de poucas palavras e poucos amigos.
Romildo passou a cercar a jovem estudante. Os passos que eram dados por Jôissi eram seguidos pelo acusado. A paixão platônica foi ficando descontrolada ao ponto de incomodar a menina que, passava a sentir medo do acusado.
Testemunhas relataram que Romildo acompanhava a menina até quando ela ia para a escola.  Muitas vezes a esperava no ponto do ônibus. Desconfiada das atitudes do acusado e temendo algo pior, a família da Jôissi passou a se preocupar com a vida da jovem. O pai da vítima chegou a vias de fatos com o acusado quando, em um momento de descontrole, Romildo agarrou à força a menina. Uma trágica página estaria sendo escrita na vida daquela família.

Foram mais de um ano de perseguição e ameaça. A família deixou o sítio onde morava e passou a morar na cidade. Não tinha jeito. Dominado pela possessiva paixão, Romildo continuava a cerca a Jôissi.
Como a bela o Jôissi nunca aceitou algum tipo de relacionamento com o acusado, o pior aconteceu. 
Romildo sabia dos passos da vítima. Na tarde daquele domingo, o acusado se armou com uma faca peixeira e ficou esperando Jôissi retornar do sítio do seu avô. Covardemente, brutalmente, friamente e de forma calculista; sem oferecer defesa à vítima, Romildo tirou a vida de Jôissi e destruiu uma família inteira.     
Sonhos interrompidos, planos desfeitos, corações em pedaços e cortes na alma que jamais serão cicatrizados. Ainda chorando a dor da perca e lamentado a ausência; familiares e amigos da Jôissi só se acalentam na esperança de ver o criminoso pagar pelo que fez.
Por Júnior Campos

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