Foram mais de oito horas de
julgamento até a sentença final. Romildo Paulino dos Santos, 34 anos, foi
condenado a 19 anos de reclusão pelo assassinato de Jôissi Oyala da Silva,
morta em Agosto de 2009 na zona rural de Araruna-PB.
O julgamento ocorreu no fórum
Desembarcador Geraldo Ferreira Leite, na cidade de Araruna, no curimataú
paraibano na tarde desta segunda-feira (12) e foi conduzido pelo juiz de
Direito, Dr. Ricardo da Silva Brito.
Ao ser questionado pelo Juiz
Dr. Ricardo Brito, o acusado disse não lembrar do que ocorreu naquele ano;
acrescentou que não lembra de onde conhecia a Jôissi e que levou muito tempo
para descobrir porque estava preso.
A acusação, representada pelo
Promotor de Justiça da Comarca de Jacaraú, Dr. MarinhoMedes Machados, pediu por
homicídio duplamente qualificado. Para o promotor, o homicídio ocorreu de forma
fútil e sem dar a chance da vítima se defender. O assistente de acusação,
advogado que acompanhou todo o caso, Dr. Júnior Gugel, declarou que o réu era
nocivo à sociedade, não podendo, portanto, ficar em liberdade; que a conduta
antissocial do acusado já revelava o perfil perigoso do criminoso.
A defesa, representada pelo
defensor público, Dr. Antônio Alberto, pediu por lesão corporal grave, seguida
de morte. O advogado defendeu que a jovem foi socorrida ainda com vida para um
hospital. Disse ainda que ao contrário do que disse a acusação, Romildo não era
nocivo à sociedade e que por não ter outros crimes, não podia ser visto como
bandido. Alegou ainda que o acusado tivesse distúrbios mentais.
O Conselho de sentença,
formado por sete pessoas; três mulheres e quatro homens, após toda análise,
decidiu pela condenação de homicídio duplamente qualificado, previstos no Art.
121, § 2, inc. I e IV do Código Penal Brasileiro.
Romildo Paulino dos Santos foi
condenado a 19 anos de prisão em regime fechado. Devendo ficar preso na
penitenciária de segurança Máxima Sílvio Porto, na capital do estado da
Paraíba.
Após o anúncio da sentença, os
pais da Jovem comentaram o resultado. Dona Maria Aparecida, mãe da vítima,
disse que esperava uma condenação maior. Carlos Alberto, pai da Jôissi, falou
da dor ainda vivada com a morte da filha e lamentou que o acusado não cumpra os
19 anos completo em regime fechado, considerando os benefícios dados por
lei.
Na saída do Fórum nossa
reportagem tentou conversar com o acusado, que disse não ter nada a declarar.
O crime
16H30. Domingo, 16 de Agosto
de 2009. Jôissi Oyala da Silva, de 17 anos, voltava do sítio do
avô, no município de Serra de São Bento-RN, quando ao se aproximar de uma
passagem molhada no Rio Calabouço, já no município de Araruna-PB, foi
surpreendida com a presença do acusado que se atravessou na frente da
motocicleta que era conduzida por uma tia da vítima.
As duas foram derrubadas da
moto e o Romildo, tomado por um sentimento de possessão incontrolável, partiu
para cima da estudante e desferiu contra ela vários golpes de faca peixeira. Um
dos golpes atingiu o pescoço da vítima, causando um grave ferimento.
A tia da vítima ainda tentou
impedir o assassinato, mas também foi golpeada em um dos braços. Um homem em
uma moto que passava pelo local, prestou socorro a tia da menor, enquanto que o
acusado fugiu. O acusado teria beijado a vítima e acariciado seu corpo antes de
empreender a fuga. Jôissi foi socorrida para um hospital, mas não resistiu aos
ferimentos e veio a óbito.
A polícia foi acionada. A
comunidade se mobilizou e horas depois do crime o acusado foi localizado por
populares, preso e entregue a polícia.
Motivo do crime
Jôissi era uma menina
recatada, religiosa e dedicada aos estudos. A jovem morava com seus pais
na cidade de Passa e Fica-RN. Seu jeito meigo atraia olhares de jovens que, na
sua idade, começavam sentir as primeiras paixões. Foi esse jeito sereno que
atraiu a atenção de Romildo, na época com aproximadamente 31 anos de idade.
Homem de poucas palavras e poucos amigos.
Romildo passou a cercar a
jovem estudante. Os passos que eram dados por Jôissi eram seguidos pelo
acusado. A paixão platônica foi ficando descontrolada ao ponto de incomodar a
menina que, passava a sentir medo do acusado.
Testemunhas relataram que
Romildo acompanhava a menina até quando ela ia para a escola. Muitas
vezes a esperava no ponto do ônibus. Desconfiada das atitudes do acusado e
temendo algo pior, a família da Jôissi passou a se preocupar com a vida da
jovem. O pai da vítima chegou a vias de fatos com o acusado quando, em um
momento de descontrole, Romildo agarrou à força a menina. Uma trágica página
estaria sendo escrita na vida daquela família.
Foram mais de um ano de
perseguição e ameaça. A família deixou o sítio onde morava e passou a morar na
cidade. Não tinha jeito. Dominado pela possessiva paixão, Romildo continuava a
cerca a Jôissi.
Como a bela o Jôissi nunca
aceitou algum tipo de relacionamento com o acusado, o pior aconteceu.
Romildo sabia dos passos da
vítima. Na tarde daquele domingo, o acusado se armou com uma faca peixeira e
ficou esperando Jôissi retornar do sítio do seu avô. Covardemente, brutalmente,
friamente e de forma calculista; sem oferecer defesa à vítima, Romildo tirou a
vida de Jôissi e destruiu uma família inteira.
Sonhos
interrompidos, planos desfeitos, corações em pedaços e cortes na alma que
jamais serão cicatrizados. Ainda chorando a dor da perca e lamentado a
ausência; familiares e amigos da Jôissi só se acalentam na esperança de ver o
criminoso pagar pelo que fez.
Por Júnior
Campos
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