domingo, 9 de março de 2014

PRESIDENTE DUTRA, ISTO, AQUILO O OUTRO

Coisas boas que não custavam nada

Os banhos de lagoas

Eu e a meninada da minha era tomamos muitos banhos nas lagoas enlameadas da Dutra, a principal era a Lagoa do Buraco de Chicão, praticamente morávamos lá, me lembro de Giovanão, Edimário de João de Franco, Herminho, Titão de Geni e muitos e muitos outros meninos do meu tempo. A água ficava inteiramente baldeada e era uma lama pura, quando saíamos e o sol nos enxugava, de longe podia se ver a lama nos cabelos e nas sobrancelhas.
Também nos banhávamos nas Lagoas de Manoel Ferreira, Lagoa Grande, Lagoa de Cazuzão (aí no Campo de Avião), Caldeirão de Missião e naquela perto da Casa do Velho Lourão, a qual me fugiu o nome agora. Aí na Lagoa de Manoel Ferreira, havia uma barbearia e todo o cabelo cortado era jogado dentro da lagoa, uma coisa horrível e só nós mesmos, sem idéia de todos os riscos de doenças, era quem se arriscavam em suas águas.
Certa feita, estudávamos aí nesse Grupo Escolar Luiz Viana Filho, pertinho da residência do Goleirão Reinildão e fugimos da escola para tomar banho no Caldeirão de Missião, tava cheinho, vazando por cima da parede e um nosso amigo de nome Gordinho deu um flecheiro e foi com a testa em cima de uma pedra, foi muito sangue e nos aperreamos demais e quando voltamos para a escola fomos todos suspensos por oito dias, mas mesmo assim, todos os dias fingíamos que íamos para a escol, pois se pai soubesse, era uma tremenda pisa.

Curiar as mulheres lavadoras de roupas tomando banho

Nos verdes anos da minha infância e adolescência, não havia água encanada na Dutra e as mulheres iam lavar roupas nas mais diversas fontes d’água da comuna e ao meio dia, era o momento em que todas encerravam a lavagem e nós nos escondíamos dentro dos matos para ver as mulheres nuas, aí como era bom!. Olha, tô confessando o meus desvio moral e profundamente safado, mas a maioria da garotada e rapaziada fazia isto na nossa querida Urbe, inclusive, desculpem, não se espantem: se iniciavam sexualmente com as jumentas do saudoso e querido Zé Pequeno, o avô de Goleiro (Gilmar), Neguinho, Edilson e Pedro, as quais eram disputadas às vezes a socos pelos seus desejosos amantes.

Tomar banho de chuva e fazer açude

Quando chovia na Dutra, uma das maiores diversões era tomar banho de chuva, saíamos pelas principais ruas correndo, era uma felicidade geral. Também barrávamos a água das enxurradas e dizíamos que aquilo eram açudes. Íamos ver os açudes de outros garotos em outras ruas e muitas vezes tudo acabava em briga, pois um mais invejoso e encrenqueiro, acabava pisando na parede do açude destruindo-a e o dono do açude reagia com bastante fúria a tão bárbaro desacato.

Brincar de pau de bosta e de esconder

A brincadeira de pau de bosta sempre resultava em homéricas brigas e consistia no seguinte: pegávamos um pau de sãojueiro e melávamos um pedaço dele de fezes e como não existia iluminação pública nos dirigíamos para outras ruas e lá simulávamos uma briga entre aquele que estava com o pau repleto de bosta e outro sem pau. Quando aproximava um desavisado morador da outra rua, o que tava sem pau dizia: você só tem coragem porque tá com esse pau, dê a ele para segurar e então, quando o portador do pau entregava ao curioso e este segurava, o pau era puxado e o segurador ficava com a mão repleta de excrementos e todos retirávamos correndo, deixando o besta com a mão suja. Certa vez, pegamos Domingos de Romaninha, mas Romana foi lá em casa e eu e Vilson meu irmão, levamos uma tremenda surra.
A brincadeira de esconder era muito boa, tinham os caçadores e os que se escondiam e um lugar onde era a chegada. Escondíamos dentro de moitas e se fosse achado, aquele caçador achador, com um chicote de mato, podia bater no encontrado, mas só até a chegada marcada, isto se conseguisse pegar a pessoa perseguida.
Além dessas coisas que não custavam sequer um tostão, ainda andávamos descalços, sem camisa, proseávamos nas calçadas, ouvíamos estórias de trancoso, causos e mentiras dos mais velhos, dentre elas as de alma e depois ficávamos com muito medo de almas, badogávamos (caçar com uma baleadeira), armar arapuca, pegar ponga (amorcegar) nos caminhões, furtar umbu, melancia, goiaba e outras frutas nas roças dos outros. Ah que saudades da minha infância querida que os anos não trazem mais.
Ainda encontra-se grudada no meu ego uma estória que meu pai contava, era uma estória em que numa casa deserta e mal assombrada, uma voz dizia lá da cumieira: posso cair? E todos fugiam desesperados, até que um dia lá pernoitou um corajoso que respondia à voz: pode! e então caía uma perna, depois um braço, até formar uma alma penada gigantesca. Essa estória de trancoso é contada no filme nacional O Homem Que Enfrentou o Diabo, estrelado por Marcos Palmeira, na pele de Zé Araújo, que se transformou no solitário herói Ojuara.

Meus abraços da semana

Meus sobrinhos Kleber, Erivelton, James Hunt, Everton, Grazia, Hudson, Edinho, Hiataanderson, Éder, Jáder, Reilza, Maria Rita, Velho Já, Reinaldo, Vailton, Wilson (Baé), Ruy, Rodrigão, Marlon, Mistão, Nora, Rosemary, Dó de Genário, Zé Nico, para Moacir Caroba, Adhemar Moitinho, Tereza de Lázaro, Josefa de Lázaro, Ilza de Lázaro, Albertão de Ereli, Inan Velho, Tila Velha, Dó de Jaime, Joel de Jaime, Sônia de Jaime, meus primos: Xiquim de Minha Tia Ana, Joiran, Domingos e João de Vanilde, Zé de Milingido, Valmizinho, Mariozan de João de Olímpio e Quinca, Ione, Iépe, Biúca, Ovelha de Mirão, Dione, Mira, Edson de Arsênio, para Djalma de Adelino, Naum, Lélio, Ernane, Aguiar, Dado e eu Joaquim Preto.
Semana que vem tem mais PRESIDENTE DUTRA, ISTO, AQUILO O OUTRO.

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