NOTA DE ESCLARECIMENTOS
SOBRE A PASTORAL CARCERÁRIA NA ARQUIDIOCESE DA PARAÍBA
Comecei os meus contatos com a Pastoral Carcerária de João Pessoa, em
1996, quando Dom Marcelo Pinto Carvalheira assumiu o arcebispado na
Arquidiocese da Paraíba. O trabalho de Pastoral Carcerária era conduzido
por Solemar, Ir Vitória, Padre Jaime, irmão Guido, Padre Antônio Maria,
Padre Vicente Zambello e vários outros leigos e leigas, entre eles a
senhora Guiany Campos Coutinho.
A Pastoral Carcerária da Arquidiocese, coordenada por essa equipe, fez
um trabalho muito significativo pelo nível de dedicação dispensada ao
trabalho e, por isso, o nosso estado foi se destacando no cenário
nacional.
Integrando essa equipe, fiquei coordenador arquidiocesano por um período
e aprendi muito, com o testemunho dessa equipe abnegada de Joao Pessoa.
Depois dessa experiência fiquei na articulação do estado, seguindo o
trabalho do padre Antônio Maria, mas, vale salientar, que a Arquidiocese
da Paraíba sempre manteve o seu trabalho com uma boa equipe de
coordenação e sempre participou dos encontros estaduais que se sucederam
a cada ano em forma de rodizio nas cinco dioceses (Arquidiocese da
Paraíba e as Dioceses de Campina Grande, Guarabira, Patos e Cajazeiras),
já por 18 anos seguidos. A Arquidiocese da Paraíba sempre levou o maior
número de agentes de pastoral para os encontros estaduais.
Atualmente, a Pastoral Carcerária da Arquidiocese da Paraíba tem uma
coordenação colegiada, que foi reestrutura no início do mês de junho de
2013 composta pelos seguintes membros: Padre Liginaldo Miguel dos
Santos, Solemar Mendes de Sena, Massilon da Silva Ramos, Valéria Maria
dos Santos Fragoso e Guiany Campos Coutinho conforme registro em ata já
divulgada. Vale salientar que como Solemar Mendes de Sena, a Senhora
Guiany Campos Coutinho, já coordenou a Pastoral Carcerária da
Arquidiocese da Paraíba por mais de uma vez com o reconhecimento da
Arquidiocese inclusive com anotações de seu nome como referência no
Anuário Arquidiocesano.
Com a chegada de Dom Aldo, na Arquidiocese da Paraíba, a Pastoral
Carcerária foi a primeira a convida-lo para participar de uma reunião
que aconteceu no Mosteiro de São Bento para a acolher do arcebispo e
apresentar seu trabalho.
Outro momento marcante em que a Pastoral Carcerária da Paraíba se reuniu
com Dom Aldo foi com a presença da presidência do Regional: Dom Antônio
Muniz Fernandes e Dom Jaime Vieira Rocha. No término daquela conversa
Dom Aldo, que demonstrou-se incomodado durante todo o tempo, disse que
Pastoral Carcerária não seria prioridade para a Arquidiocese e que ele
não fosse procurado para tratar dessa matéria.
Como a Pastoral Carcerária na Arquidiocese sempre teve uma boa equipe de
articulação, o trabalho se manteve sem muitas alterações.
Ao longo desses 18 anos a Pastoral Carcerária conseguiu ser uma
referência no que se refere à realidade carcerária uma vez que só ela
tem uma presença frequente, semanal, através de suas equipes visitando
as unidades prisionais, sendo a presença da Igreja, através de cada
membro, cada agente, que cumpre sua missão de batizado. Afinal, é a cada
pessoa que Jesus se dirige quando diz “Eu estava preso e vocês foram me
visitar” Mt. 25,36
No estado da Paraíba o trabalho da Pastoral Carcerária sempre foi
apoiado pelos bispos da Província e eu, pessoalmente, sempre fui apoiado
pelos bispos da Diocese de Guarabira, da minha diocese: Dom Marcelo
Pinto Carvalheira, Dom Antônio Muniz e Dom Francisco de Assis Dantas de
Lucena.
A nossa atuação está articulada com a Coordenação Nacional da Pastoral
Carcerária e com a CNBB do Regional Nordeste II, particularmente com Dom
Genival Saraiva de França, Bispo de Palmares, Dom Francisco de Assis
Dantas de Lucena, Bispo de Guarabira e Dom Jose Luís Ferreira Salles,
Bispo de Pesqueira.
À pedido de Dom Francisco de Assis Dantas de Lucena, Bispo de Guarabira,
participei de uma reunião da Província da Paraíba, com os bispos do
nosso estado. Na ocasião, ao falar sobre a realidade carcerária, pedi
que fosse apresentado um bispo referencial para Pastoral Carcerária,
mas, momento a minha solicitação não pode ser definida. Neste caso
continuei como referência na Província com atribuições de articular,
colaborar e gerenciar os conflitos dentro da Pastoral Carcerária e no
Sistema Carcerário como um todo.
No mês de janeiro de 2014, a Equipe de Coordenação Colegiada da Pastoral
Carcerária na Arquidiocese me pediu para ajudar no processo de
discernimento relacionado ao comportamento do agente de pastoral,
Massilon da Silva Ramos, também membro da referida equipe. Muitas
dificuldades foram apresentadas, inclusive por mim, que havia recebido
várias informações, que inviabilizavam a sua continuidade na Pastoral
Carcerária. Ele próprio sabe do que a coordenação toda sabe. Com ele se
conversou várias vezes e com ele se teve muita paciência e caridade. Por
fim, a Equipe de Coordenação Colegiada da Pastoral Carcerária na
Arquidiocese o chamou, elencou todas as situações, sugerindo que o mesmo
se afastasse enquanto a situação se acalmava. Bom lembrar que em uma
Pastoral que se tem dificuldades em ter pessoas disponíveis para
colaborar, não é fácil dispensar a colaboração de alguém, a não ser
quando a situação extrapola a normalidade.
Quero esclarecer que a decisão foi tomada pela Equipe de Coordenação
Colegiada e dessa decisão também participou o padre Liginaldo, indicado
pelo senhor arcebispo para colaborar com a Pastoral Carcerária da
Arquidiocese. Participei do processo como convidado por ser referência
estadual que articula e zela pela missão da Pastoral Carcerária. Assinei
como Coordenador Estadual da Pastoral
Carcerária, os Ofícios endereçados à Secretaria de Estado de
Administração Penitenciária, à Vara de Execução Penal da Capital e à
Coordenação de Pastoral Arquidiocesana comunicando o afastamento do
agente de pastoral Massilon da Silva Ramos da Pastoral Carcerária.
Inconformado, o agente afastado procurou o senhor arcebispo para que
outras providências fossem tomadas. Ao senhor arcebispo foram
apresentadas cartas de boa conduta assinadas por pessoas e entidades
desconhecedoras das normas internas da Pastoral Carcerária, para
contestar o discernimento e a decisão da Equipe de Coordenação
Colegiada. Bom saber que para a Pastoral Carcerária, é preciso o
cumprimento de orientações que são sempre relembradas a cada encontro: o
perfil do agente de Pastoral Carcerária. Zelar pela a boa conduta, pela
boa atuação dos membros da Pastoral Carcerária é zelar pela missão de
Jesus Cristo dento dos Cárceres.
Como o arcebispo Dom Aldo de Cillo Pagotto, não mais queria conversa com
a Pastoral Carcerária e como um dia se foi orientado por ele,
procuramos o Vigário Geral da Arquidiocese da Paraíba, o Padre. Virgílio
Bezerra de Almeida para tratar do assunto. Participaram da conversa,
além de mim, a senhora Guiany Campos Coutinho e o Padre Alexandre Magno
que é Articulador Arquidiocesano das Pastorais Sociais. Ao saímos da
sala do Vigário Geral, nos aguardava em uma mesa na sala da Cúria, o
senhor arcebispo acompanhado do diácono Iran Alves Soares. Sem delongas,
o senhor arcebispo foi logo informando que, como afastamos o senhor
Massilon da Silva Ramos da Pastoral Carcerária, ele, estava nos
afastando. Disse que não queria a nossa interferência na Arquidiocese e
que da Pastoral Carcerária cuidava ele.
É verdade que o bispo de cada diocese deve cuidar da vida pastoral. Mas
cuidar significa chamar, dialogar, questionar, ouvir, orientar. E não
foi essa a atitude do arcebispo da Arquidiocese da Paraíba. Ele não nos
ouviu e nem procurou a Equipe de Coordenação Colegiada da Pastoral
Carcerária na Arquidiocese para se inteirar sobre o assunto. Naquela
ocasião lembrou-nos da conversa que tivera no inicio de seu arcebispado,
com os bispos da Presidência do Regional Ne2 e do que tinha nos dito: -
Que não queria contato com a Pastoral Carcerária. Disse ainda que por
uma questão de princípios não aturava a nossa “tendência marxista” e que
é “sim” a favor da revista vexatória. Falou também de sua amizade com
as autoridades do estado, e da boa relação com o pastor Estevão com quem
iria trabalhar com a nova Coordenação de Pastoral Carcerária na
Arquidiocese da Paraíba.
Vale salientar, que a atuação da Pastoral Carcerária no Estado da
Paraíba, está em comunhão com o que acontece no Brasil, sob a orientação
de uma Coordenação Nacional reconhecida e referendada pela CNBB. Que
sua missão primordial é: “Anunciar o Evangelho de Jesus Cristo às
pessoas privadas de liberdade e zelar para que os direitos e a dignidade
humana sejam garantidos no sistema prisional”. Atividades como visitas,
oração, escuta, celebração, missa, diálogo com as direções, com
juízes, governador, secretários, familiar de preso, questionamentos
sobre as práticas abusivas do estado que estão presentes em todas as
prisões, fazem parte da missão da Pastoral Carcerária.
A senhora Guiany Campos Coutinho, que estava compondo a Equipe de
Coordenação Colegiada da Pastoral Carcerária da Arquidiocese, afastada
verbalmente de suas atividades na Arquidiocese pelo arcebispo, está
secretária da Pastoral Carcerária no Regional Nordeste 2, está na
Articulação Nacional da Pastoral Carcerária para a Questão da Saúde do
Sistema Penitenciário e representa a Pastoral Carcerária do Brasil, no
Comitê Técnico Inter setorial de Assessoramento e Acompanhamento da
Política Nacional de Atenção Integral à Pessoa Privada de Liberdade no
Sistema Prisional representando a Pastoral Carcerária Nacional,
portanto, ela continua membro atuante da Pastoral Carcerária na Paraíba.
Quanto a mim, tenho atuação na Diocese de Guarabira, com o apoio do
Bispo Diocesano, Dom Francisco de Assis Dantas de Lucena, no Regional
Nordeste 2, com a rearticulação da Pastoral Carcerária e na articulação
do estado. Não tenho nenhuma interferência na Pastoral Carcerária da
Arquidiocese da Paraíba. Não faço nenhuma visita em nome da Pastoral
Carcerária da Arquidiocese da Paraíba, não acompanho visitas das equipes
arquidiocesanas da Pastoral Carcerária e não integro a Equipe de
Coordenação Colegiada da Pastoral Carcerária da Arquidiocese.
Vale salientar que este trabalho feito por esses longos anos é sem ônus
para as dioceses da Província onde estamos à serviço, com exceção da
minha diocese, a Diocese de Guarabira.
Araçagi, 15 de Março de 2014
JOÃO BOSCO FRANCISCO DO NASCIMENTO, padre diocesano, incardinado na
Diocese de Guarabira, ordenado dia 18 de fevereiro de 1989, com 25 anos
de serviço prestado nas paroquias de Pirpirituba, Serra da Raiz,
Guarabira, (Santo Antônio e Santíssima Trindade), Joao Pessoa (Virgem
Mãe dos Pobres e Nossa Senhora de Fatima), Mari, Mulungu e Araçagi. Por
um período de dez anos fiquei nomeado vigário geral da diocese entre
outras varias funções pastorais. Atual presidente do Conselho Estadual
de Direitos Humanos, articulador da pastoral carcerária no estado e no
Regional e colaborador da Coordenação Nacional.
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