PEQUENA
Pequena era uma senhora com visíveis sintomas de perturbação mental, ela veio da Gameleira. Ela tinha uma filha e residia nessas Casas de Mané Doce, em frente à CENEC e foi responsável pela iniciação sexual de vários adolescentes da minha época. Tenho bem gravado, que certa noite, estávamos do lado de fora, assistindo um filme pelos combomgós numa dessas salas de aula da CENEC, já que não tínhamos dinheiro para pagar a entrada e Pequena estava encostada em mim e aí, induzido por Necão de Bela Velha rolou um clima e ela me ensinou: vá por trás que abro a porta e o certo é que lá estive várias vezes e depois eu sei bem que foram meus sucessores NEI MELETA (Nei do Corinthiano Vilé) e Pêpe de Mariosa, irmão do Prefeito Robertão, os quais tiveram prazerosos encontros com Pequena.
JOSIAS DE AMÉLIA
Josias de Amélia, morador da Queimada, pai de Alonso (aquele que apanhava de Vanderlei), era um homem baixinho, calmo, paciente e o melhor atirador que já tivemos em Presidente Dutra. Certa feita, eu vi, ninguém me disse, a uma distância de aproximadamente 100 metros, ele acertar de revólver numa garça, isto aconteceu nos fundos da casa do meu irmão Genário, ele estava no m quintal da parte de trás da casa e a garça perto de um pé de juá. Era tempo de chuva, a Lagoa do Buraco estava cheio e tínhamos muitos passarinhos fazendo festas. Sem dúvida alguma isto é um fenômeno e seria sem dúvida um grande campeão mundial de tiros com armas curtas.
OS LOCAIS DE PAQUERA E NAMOROS DA DUTRA
Em redor da igreja
Me recordo que a nossa Paróquia pertencia à Diocese de Xique-Xique e Padre só vinha à nossa cidade de ano em ano e durante as suas estadas aconteciam muitas festas. Eram centenas de batizados, casamentos, crismas e a celebração de muitas missas.
As moças vinham do Sapecado, Matinha, Campo Formoso, Alto Bonito, Gameleira, Canoão, Ramos, Baixa Verde, enfim, de todos os povoados da zona rural e em volta da igreja matriz virava um inferno, as meninas arrodeando a matriz para serem vistas e arranjarem namorados e eram dezenas de paqueras que aconteciam durante os dias em que as missas aconteciam, e em redor da Igreja também era o local onde muitos jovens se exibiam: Lembro-me de Ferreti, recém chegado de São Paulo narrando uma partida de futebol que ele havia em São Paulo entre Santos e Corinthians e sem muitos arrodeios ele dizia que não havia muita diferença entre o Real e o Botafogo de Irecê.
O melhor, é alguns pais confiavam as filhas a vizinhos, mas as moças quando chegavam na Igreja desapareciam e só voltavam a se encontrar com seus responsáveis após finalizados os atos religiosos.
Nos poços velho e novo
O Poço Velho, situado na Rua do Mesmo nome, era um “point” para aonde acorriam todas as moças prendadas da Dutra, as quais, iam buscar água em latas com capacidade para 20 litros (eram latas onde vinham querosene), combustível muito usado naquele tempo em candeeiros, uma vez que não tínhamos luz elétrica, e o melhor, após fazerem uma bem feita rodilha, essas latas se equilibravam nas cabeças das meninas que iam e vinham várias vezes em sofridas caminhadas, mas sempre bem arrumadas e os marmanjos da Dutra nas proximidades, muitos deles de bicicletas (sinômino de status) e ali muitos casamentos surgiram.
Um dos detalhes dos namoros que surgiam, é que eram motivados por recados através de uma amiga que ajeitava, ou de bilhetes, também entregues pelas amigas e que sempre davam uma força.
O Poço Novo foi um sucesso, ficava aí ao lado da Casa de Oripim e Genelísia, num ponto bem estratégico, pois para chegar até ele, tinham que cruzar por cima das paredes que separam o açude e a lagoa, de forma que para os paqueradores, o local era extraordinário. Podiam ficar no Oitão de Ana Mendes, no lado da Casa de Oripim, no Ladrão do Açude (por trás da Casa de Ricardo de Benigno) ou mesmo na entrada do Açude, perto da Casa de João Miranda. De qualquer forma, as meninas da Dutra estariam sobre os olhares dos belos rapazes da época.
Beiradas dos açudes e das lagoas
As beiradas do açude e das lagoas eram lugares privilegiados, bem no ponto onde as meninas entravam no lago para encherem suas latas. Algumas delas chegavam a levantar as saias ou os vestidos e isto era motivo de varios comentários entre os moços. Muita gente não sabe, mas eu me lembro bem: Qualquer serviço da Dutra, seja nas roças, seja na cidade parava obrigatoriamente às 16h50, que era para dar tempo aos rapazes irem para casa, tomar banho, se arrumar e se deslocarem para a beira do açude ou das lagoas, dependendo da fonte de onde sua pretendida apanhava água.
Era o tempo da inocência, de poucas malícias, onde a confiança ainda era um sentimento vigente e palpável, algo lindo era que as moças não tinham nenhuma vergonha em irem para os poços, açude e lagoas com suas latas, umas enfeitadas, com fundos de madeira, pois para elas, isto também era um grande divertimento.
Era o tempo...
Era o tempo das radiolas de plástico e à pilha, dos discos de vinil, dos cantores Paulo Sérgio (mas se amanhã, você me encontrar, de braços dados, com outro alguém, faças de conta, que eu prá você não sou ninguém...), Roberto Carlos (Da sua cabeça até, a ponta do dedão do pé, é meu, é meu, é meu é meu. Seus olhinhos que beleza, fazem ver com mais certeza, que tudo que é teu meu bem, é meu, é meu, é meu....), Diana (quanto mais eu penso em lhe deixar, mais me sinto que eu não posso,Ô meu amado, porque brigamos, não posso mais viver assim sempre chorando...), Jane e Herondi (Não se vá! Eu já não posso suportar esta minha vida de amargura. Não se vá! Estou partindo porque sei que você já não mais me ama...), Celly Campelo (Tomo um banho de lua, fico branca como a neve. Se o luar é meu amigo, censurar ninguém se atreve. É tão bom sonhar contigo, oh! Luar tão cândido....) , Odair José (Deixe essa vergonha de lado! Pois nada disso tem valor. Por você ser uma simples empregada não vai modificar o meu amor).
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