sábado, 15 de setembro de 2012

PRESIDENTE DUTRA – ISTO, AQUILO O OUTRO


Quando era criança e adolescente em Presidente Dutra, os mais velhos gostavam de dizer sempre nos finais de frases quando estavam proseando, o jargão “ISTO, AQUILO O OUTRO”, não sei onde aprenderam, mas é um linguajar de bom nível, na verdade querem dizer, além do que estou dizendo, ainda existem muitas outras coisas, de forma que minha coluna ficará batizada como: PRESIDENTE DUTRA, ISTO, AQUILO O OUTRO, como uma homenagem àqueles heróis da resistência que já se foram e de poucas letras, mas falavam tão bem.

ANA MENDES – A CHAVEIRA DA IGREJA E A ACOLHEDORA DOS PADRES
 
Minha tia Ana Mendes, uma santa dos tempos modernos (era irmã do meu pai), era a responsável pela Igreja da Dutra, bem como, fazia da sua casa, aí na Beira da Lagoa a casa paroquial para os padres que vinham da diocese de Xique-Xique, nesse tempo padre só aparecia por essas plagas de ano em ano.

PADRE MÁRIO

Padre Mário era de Xique-Xique, ignorante, grosso, caxias, só andava paramentado com uma batina preta, o povo tinha medo dele e quando apontava no seu jipe azul, todos corriam, os meninos eram seu alvo principal, dava fortes cascudos em pirralhos que corria dele como o demônio da cruz, ele se foi e não tivemos mais notícias dele, não sei a sua origem.

PADRE CRISTIANO

Padre Cristiano era um galeguinho holandês e naquela época era uma novidade, cabeludo, prá frente, gostava de festas e até de tomar uma cerveja, o que escandalizou o povo da Dutra, mas Ana Mendes ia para cima de quem falasse do santo padre. Naquelas eras ainda se tinha muito preconceito com os homossexuais e Padre Cristiano era, só sei que certa feita, vários moços que gostavam de estripulias no Uibaí, para aonde o Padre Cristiano foi celebrar, embebedaram o mesmo e fizeram de tudo com ele, vários rapazes tiveram relações com ele, não digo os nomes porque já devem ser avós e seus filhos e netos poderiam não gostar da revelação, o resultado é que Padre Cristiano foi embora e depois morreu como uma das primeiras vítimas no Brasil do vírus HIV. Padre Cristiano era apaixonado por uma figura daí, que não posso dizer a sua identidade.

MAZILA

Mazila tinha um bar na Rua da Barra Funda, aí do lado da Lagoa de Manoel Ferreira, nos dias de feira as profissionais do sexo de toda região vinham para o Bar de Mazila, o qual, não obstante a presença de mulheres que vinham para ganhar dinheiro, era um bar de respeito, se o homem quisesse que uma mulher sentasse em sua perna, tinha que ir para o reservado. Mazila fez história como mulher valente, bateu na cara de muitos homens da época, ela sempre batia na cara dos seus desafetos de sandália, para a desmoralização ser maior.

PINHEIRINHO

Pinheirinho era jogador de futebol, é primo de Miúdo de Romana, de Deusni, de Domingos e Jânio de Martinha, chegou a jogar no Fluminense de Feira de Santana e marcou um gol no melhor goleiro do mundo, num jogo entre Fluminense de Feira e Atlético Mineiro, nesse jogo o Fluminense de Feira perdeu pelo placar de 4X1, mas Pinheirinho, que gostava de andar em Presidente Dutra e era idolatrado pelo povo quando chegava, vazou o arco do ícone da época, o indevassável arqueiro MAZURKIERKI, naquele tempo, considerado o melhor do mundo.

ZÉ DE HELENA

Zé de Helena foi um dos melhores jogadores que já pude assistir, foi desperdiçado, jogou muito no Real de Manoel Sobrinho e no Ajax de Dr. Juan, tinha habilidade, classe, domínio e visão de jogo, além de um excelente preparo físico. Tinha tratamento VIP, ficava hospedado no Hotel de Quita, com tudo pago, Dr. Juan adorava esse jogador, que era o ídolo da torcida presidentina, marcou muitos gols, era amigo de Ferreti, Lelé, Élio de Alcebíades, Wilson e Zé de Tiotista e outros. Zé de Helena era boêmio, sua alma se tornou a alma de nosso povo e fez muitos amigos aí, não sei onde anda Zé de Helena, quem souber, favor informar.

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