DE PRESIDENTE DUTRA PARA SANTA HELENA E OUTRAS COISAS
Esse
fenômeno ocorreu nos idos dos anos 70, creio que nos anos de 1975 e 1976,
ocasião em que vários presidentinos (é, foi assim que aprendi) foram levados de
pau de arara para a cidade de Santa Helena de Goiás, então a maior produtora de
algodão do Brasil, cidade localizada no sudoeste do Estado de Goiás, a duzentos
quilômetros da capital Goiânia e pelo censo do IBGE do ano de 2007, com 35.000
habitantes.
Pois
bem, o grande recrutador de trabalhadores braçais para serem mandados aos
campos de algodão de Santa Helena era o memorável Manoel dos Santos, um
paraibano que fez história na Dutra e lá pelo mês de abril de 1975, em frente
ao Sobrado de Manoel dos Santos, aí mesmo na Rua Paraibinha, encostava um
potente caminhão, era um 1113 trucado, o sonho de consumo de todo caminhoneiro
da época e na sua carroceria embarcaram LAJEDO
(filho de Dona Luzia e Seu Zé, irmão de Rosa, Maria e Santinha de João
Miranda), não sei quem arrumou, mas Lajedo conduzia uma mala muito grande, mas
pelo peso, a bagagem era muita simplória.
Em
seguida embarcou MAURICINHO,
deixando a esposa Nenen (irmã Fuloriza e Osvaldo Maia), com duas filhas, dentre
elas Mariazinha, este foi e nunca mais voltou, dizem as más línguas que se tornou
um pistoleiro famoso no Estado do Goiás, já tentei localizá-lo via o cadastro eleitoral
(o maior do Brasil) mas não consegui.
Também
formava o pelotão, este escoltado pela mãe Amália, muito chorosa com a partida
do filho amado para terras estranhas, o animado e namorador MAMÉDIO, este, se dizendo esperto,
segundo seu próprio relato, conseguiu fugir dos campos de algodão de Santa
Helena de Goiás, onde foram transformados em escravos brancos. Mamédio informa que as contas nos barracões da
fazenda só aumentavam, nunca restava um saldo para o trabalhador.
Mamédio
relatou que fugiu por dentro do mato e conseguiu chegar à cidade de onde foi para
Rio Verde, cidade limite e dali para Goiânia e depois para Brasília, de onde
retornou aos molambos para Presidente Dutra, onde hoje é dos maiores dançarinos
nas festas públicas e privadas da cidade. O certo é que realmente nos anos 70 e
80, Santa Helena de Goiás foi um grande centro de trabalhadores braçais
nordestinos, que alçaram a cidade à segunda economia do Estado, ou seja, só
perdia para a capital Goiânia.
O pau de fogo de meu tio Manoel
Manoel
Mendes, meu tio, marido de minha tia Ana e irmão de Zé Padre, o jóquei de maior
idade que já correu na Dutra, achou uma certa vez em suas terras do Alto um pau
de fogo, era um pau que no escuro ficava aceso.
A
casa de minha Tia Ana recebia por noite dezenas de pessoas para ver o pau de
fogo, dizem que com o tempo ele perdeu o poder de brilhar à noite e o povo que só
gosta de novidades foi perdendo o interesse pelo pau e Nilzete pode falar mais
acerca do local onde o pau se encontra guardado.
Maninho Bago Mole
Certa
feita, pagaram a MANINHO BAGO MOLE uma boa quantia para dar uma volta em
Presidente Dutra com uma roupa nova e bem passada, era para arrodear toda a
cidade, conta MANINHO que quando chegou na Padaria de Vivaldo não aguentou mais,
viu uma poça de lama, deitou nela e rasgou a roupa, ele mencionou que não
aguentou a pressão do povo olhando para ele e os elogios à limpeza e aos
trajes, na verdade, aquilo não era o Maninho Bago Mole conhecido de todos nós.
A arte de fazer bruacas
Meu
tio Zuza Mendes, irmão do meu pai, da minha tia Ana, Zezinho, Hermenegildo,
Cassimira e outros, era um mestre, um artesão de qualidades encantadoras na
arte de fazer bruacas (bruaca, um utensílio feito de couro de boi para carregar
mantimentos no lombo de animais, é o caçoar paraibano). Meu tio Zuza, pai dos
meus primos Emerson, João, Mariluce e Marizânia, foi um homem que deixou um
grande legado, ou seja, ele foi um dos primeiros artesãos da nossa terra e o
maior e melhor fabricante de bruacas. Ele tá no céu, era gente da melhor
qualidade e artesão de escol.
Com
os restos de couro de boi, fazíamos sandálias, já que não tínhamos dinheiro
para comprarmos havaianas ou vaikiki.
Domício, orador, pai de João e marido de
Nita do Velho Lourão
Ainda
pude presenciar DOMÍCIO DE NITA em
cima de um tamborete discursando nos dias de feira na praça, vislumbrei essa
maravilhosa pessoa irritada com Neto de Honório e outros jovens da época, pois NITA DO VELHO LOURÃO, sua esposa, aos
berros queria tirá-lo de cima do tamborete e a populacha aos gritos agitava
mais ainda o ambiente, me recordo bem de algumas palavras dirigidas a Neto de
Honório e outros, mas sempre com a devida empostação da voz, por parte de DOMÍCIO,
vejam: “ESSES HIMPOPOLITÊMICOS, ESSES
REBOCULOSOS, QUEREM FAZER TERRA NA MINHA NITA”. Não existe significado para
palavras tão rebuscadas, a mais parecida que encontrei em nossa língua foi
POLICITÊMICO e MILITÊMICO, que são o aumento anormal dos glóbulos sanguíneos,
mas bem que Domício poderia ter se tornado um grande gramático.
A
oratória estabanada só chegava ao fim com a chegada de João de Nita, pois os
outros temiam a João, o qual rebocava juntamente com Nita o adorável orador
Domício.
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