sábado, 26 de novembro de 2011

Exclusivo: justiça condena a 19 anos de prisão filhos de Lula Magal pela morte de Manguito

Exclusivo - Por 4 a 3 o júri popular condenou nesta quinta-feira (24), no Fórum de Bayeux, Luiz Eduardo e Luiz Rodrigues pela morte do comerciante Josivan da Silva Mascena, mais conhecido por "Manguito", ocorrido em Bayeux no dia 31 de dezembro de 2007.  Eles são apontados pelo Ministério Público como autores intelectuais do crime.

O comerciante assassinado era proprietário de um açougue de carne em Bayeux. Luiz Eduardo e Luiz Rodrigues são filhos do comerciante de gado conhecido por "Lula Magal", que também foi assassinado dois meses antes da morte de Manguito. A acusação é que eles queriam vingar a morte do pai imputando a Manguito a responsabilidade.

Na sentença, o juiz Antônio Rudimacy estabeleceu a pena de 19 anos em regime fechado a serem cumpridos no presídio de Santa Rita e abriu prazo para que eles possam recorrer em liberdade.

Segundo o advogado de acusação, Aécio Farias Filho, os irmãos terão cinco dias para recorrer da sentença. Farias comemorou o resultado e disse que “o mais importante é que a justiça foi feita”.

A acusação também ficou por conta do promotor de justiça Marinho Mendes. Genival Veloso foi o advogado de defesa.

No dia anterior, também foram condenados pelo crime o pescador Thiago Felipe Gomes da Silva, 18, a 17 anos de prisão e o motorista alternativo Max Weuber Gomes da Silva, 21, a  16 anos.

Bayeux em Foco

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Corregedoria da PM abre inquérito para investigar cabo Natanael; resultado será divulgado em 40 dias


A corregedoria da Polícia Militar instaurou inquérito para investigar as denúncias feitas pelo promotor Marinho Mendes contra o cabo Natanael, acusado de integrar um grupo de extermínio responsável pelo assassinato de cerca de 40 pessoas, além de tráfico de drogas e assaltos.
De acordo com o coronel Jarlon Cabral, corregedor da PM, o militar foi ouvido durante duas horas e negou as acusações criminosas contra ele.
Cabo Natanael foi liberado, mas um Inquérito Policial Militar (IPM) foi aberto e em 40 dias será divulgado o resultado das investigações.

Grupo já teria matado mais de 40 - imagem ilustrativa


Denúncia
O promotor de Justiça Marinho Mendes denunciou na manhã desta quarta-feira (16) o policial militar identificado como Cabo Natanael, lotado na 3ª Companhia do 1º Batalhão, por suspeita de integrar uma quadrilha de grupo de extermínio, assaltantes e traficantes de drogas. O grupo seria responsável pela morte de mais de 40 pessoas.
Dois policiais do Destacamento de Mamanguape, o subtentente Zenaldo Paulo dos Santos e o soldado Bruno, estariam marcados para morrer. De acordo com o promotor, um pistoleiro do Rio Grande do Norte teria sido contratado por R$ 10 mil e parte do dinheiro já teria sido pago.Os policiais estariam sendo ameaçados porque são atuantes e já teriam prendido membros da quadrilha.


Portal Correio


Jacaraú, Eu quero saber


Promotor denuncia: PM integra quadrilha que já teria matado mais de 40; dois policiais estariam marcados para morrer


O promotor de Justiça Marinho Mendes denunciou na manhã desta quarta-feira (16) o policial militar identificado como Cabo Natanael, lotado na 3ª Companhia do 1º Batalhão, por suspeita de integrar uma quadrilha, assaltantes e traficantes de drogas. O grupo seria responsável pela morte de mais de 40 pessoas.

Dois policiais do Destacamento de Mamanguape, o subtentente Zenaldo Paulo dos Santos e o soldado Bruno, estariam marcados para morrer.

De acordo com o promotor, um pistoleiro do Rio Grande do Norte teria sido contratado por R$ 10 mil e parte do dinheiro já teria sido pago.

Os policiais estariam sendo ameaçados porque são atuantes e já teriam prendido membros da quadrilha.

Secretário foi alertado

Marinho Mendes disse ainda que já instaurou um procedimento na Promotoria de Mamanguape e encaminhou pedidos de providência tanto ao Secretário de Segurança Pública do Estado, Cláudio Lima, como ao Comandante da Polícia Militar, Euller Chaves.

O policial teria participado, de acordo com as denúncias do promotor, de assalto ao Banco do Brasil de Jacaraú e de uma loja do Armazém Paraíba.

Redação do Portal Correio, com colaboração da Rádio Correio do Vale

sábado, 12 de novembro de 2011

Os Negros da Federal

                             
Eram os anos de 60 a 61 e a região de Presidente Dutra, o pessoal tem a mania de dizer Região de Irecê, não entendo o porque, já que nossa cidade é um celeiro de produção agrícola, de jovens inteligentes, repleta de mulheres lindas, sendo seus solos territoriais os mais viçosos, aos quais basta o beijo do arado para que neles tudo produza em abundância, suas terras como num milagre do criador, fazem brotar do seu seio as frutas mais saborosas, sendo que somente elas, de forma exclusiva, como se fora uma dádiva divina, é quem produzem as melhores pinhas de todo o mundo.

Pois bem, nessa região abençoada pela mão do grande arquiteto deste planeta, estava sendo nos anos 60 construída a chamada ESTRADA FEDERAL, ligando a cidade de Irecê a Xique-Xique. Seus trabalhadores eram todos homens de cor, originários da cidade de Serra Preta, ex-município de Ipirá, com quem faz divisa, assim como as cidades de Anguera, Riachão de Jacuípe e Ipecaetá e encravada no semi-árido do interior baiano.

Era o governador da Bahia naquela era o cearense Juracy Magalhães, nascido em Fortaleza e o líder daqueles trabalhadores se chamava “CATUABA”, mas seu apelido era “BRAÇOS DE PILÃO”, tamanha era a circunferência dos seus bíceps.

 Trabalhavam de forma árdua, o trabalho era extremamente pesado, torturante, a estrada foi aberta à custa da força braçal desses homens liderados por “BRAÇOS DE PILÃO”, os quais, nos finais de semana invadiam as cidades mais próximas, a exemplo de Central, Jussara e outras, e após ingerirem altas dosagens de aguardente, as destroçavam com a fúria de um vulcão. Os nativos eram simplesmente dizimados, matavam e acabavam as feiras no facão, dos quais eram exímios usuários, das comunas que tinham o azar de recebê-los.

Assim também ocorreu em Presidente Dutra. Num certo dia de feira naqueles vetustos anos de sessenta, “CATUABA” e seus liderados tomaram de assalto a feira de Presidente Dutra, espancaram várias pessoas, pisotearam bancas de cereais, foi um corre-corre dos diabos e ao afinal, fecharam todo o comércio.

Mas não ficaram satisfeitos, queriam ver o sangue jorrar nas ruas empoeiradas da Dutra, na acanhada praça da feira, onde de fartura só existiam buracos e o pó da terra massacrada pelo sol causticante e inclemente. Prometeram voltar no domingo seguinte, este é o dia da feira na minha terra, na minha Presidente Dutra.

Mas os homens de Presidente eram e são destemidos, desassombrados, ninguém lhes intimidam e com estratégia de mestre, montaram uma inquebrantável resistência, impossível de ser rompida. Dentre tantos heróis que iriam enfrentar os “NEGROS DA FEDERAL”, registramos o heróico “PEQUENO”, irmão de “QUILÔR”, esposo de Dona Nezita, pai de Aldair, Aldemar, Célia e Nuzi, “PEQUENO” era dono de um bar na entrada da praça, perto de onde fica “VANILDE DE ZARIÉS”, um homem maravilhoso, mas agudamente valente. ARNALDO PRETO (empregado de Pedrão de Cândida), foi um dos baluartes, derrubou muitos “NEGROS DA FEDERAL” á base de porrete.

Outro que se destacou na luta foi HERMELINO, pai de Menininho, de Mudeci e marido de Zilda Preta, morava no Sapecado e Zilda na Rua de Edson. Hermilino apunhalou muitos “NEGROS DA FEDERAL”, foi um estrago, uma carnificina, um açougue humano.

Inesquecível também os combatentes “NEQUINHO DE TOMAZ”, companheiro de Rôxa do Finado Baú e “SINHÔ GRANDE”, os quais lutaram ferozmente e venceram com sobra os temíveis “NEGROS DA FEDERAL”.

No final, foram contabilizados
três óbitos (três “negros da federal”) tombaram naquela luta insana e dezenas ficaram feridos, isto à punhal, faca peixeira, porrete e facão. O povo estarrecido se escondia nas roças, com medo de uma invasão dos negros que não tinham vindo.

Demonstrando heroísmo gigantesco, o finado HONÓRIO, irmão de João Velho, João de Venera e Wlisses, pai de Honorim, Neto, Farenaide e Tonho Velho, aboletou-se na boléia do seu velho chevrolet sem carroceria e juntamente com alguns voluntários atiraram os “NEGROS DA FEDERAL” em cima do velho caminhão e HONÓRIO foi deixar esses rebutalhos feridos no seu acampamento, o medo era Honório não voltar, dos "NEGROS DA FEDERAL" lhe matarem, mas ele foi e veio, um homem de brio e de incomparável coragem e além de tudo gente boa.

Hoje a ESTRADA FEDERAL, que na verdade era uma estrada estadual, chama-se ESTRADA DO FEIJÃO , A BR 052, que liga Salvador a Uibaí e foi asfaltada na década de 70, pelo então governador Antonio Carlos Magalhães.

Esses homens são heróis, merecem homenagens, é isto que esperamos dos que fazem o poder na Dutra, que até hoje, todos que a governaram não tiveram cuidado, projeto, políticas públicas e foram envenenados pelas intrigas, os fuxicos pequenos, que só atrasam essa terra maravilhosa, que precisa de um administrador que pense no outro, que compre as causas dos outros, que tenha um projeto social e não um projeto particular, dele e da família.

E atenção ! muito atenção mulherada ! um produto antigo é lançado no mercado, agora com bula para melhor uso


Indicações: 
Homem é recomendado para mulheres portadoras de SMS (Síndrome da Mulher Sozinha). Homem é eficaz no controle do desânimo, da ansiedade, irritabilidade, mau-humor, insônia etc.Posologia e Modo de Usar:

Homem deve ser usado três vezes por semana. Não desaparecendo os sintomas, aumente a dosagem ou procure outro. Homem é apropriado para uso externo e interno, dependendo da necessidade.

Precauções:

Mantenha longe do alcance de amigas (vizinhas solitárias, loiras sorridentes, etc).É desaconselhável o uso, imediatamente após as refeições.

Apresentação:

Mini, Max, Super, Mega, Plus, Super Mega Max Plus e ‘Oh meu Deus!!!’

Conduta na Overdose:

O uso excessivo de Homem, pode produzir dores abdominais entorses, contraturas lombares, assim como ardor na região pélvica. Recomenda-se banhos de assento, repouso e contar vantagem para a melhor amiga.

Efeitos Colaterais:

O uso inadequado de Homem pode acarretar gravidez e acessos de ciúmes. O uso concomitante de produtos da mesma espécie pode causar enjôo e fadiga crônica.

Prazo de Validade:

O número do lote e data de fabricação, encontram-se na cédula de identidade e no cartão de crédito.

Composição:

Água, tecidos orgânicos, ferro e vitaminas do Complexo ‘P’.

Funcionamento:
1. Ao abrir a embalagem, faça uma cara neutra; não se mostre muito empolgada com o produto. Se ficar muito seguro de si, o homem não funciona muito bem, vive dando defeito.
2. Guarde em lugar fresco e seguro (pois é frágil e facilmente contaminável).
3. Deixe fora do alcance de pseudo-amigas.
4. Para ligar, basta uns beijinhos no pescoço pela manhã, para desligar basta uma noite de sexo (ele dorme como uma pedra e nem dá boa noite – falta de educação é defeito de fábrica).
5. Programe-o para assinar talões de cheques sem reclamar.
6. Carregue as baterias três vezes por dia: café, almoço e jantar.

ATENÇÃO:

Homem não tem garantia de fábrica e todas as espécies são sujeitas às incontáveis defeitos(falhas de caráter,mentiras de todos os tipos,, atitudes sem noção,medo de se envolver,grosserias e insensibilidades, imaturidade, egoísmo ,infidelidade,’mania de vai com os outros’… são algumas das falhas mais comuns). A solução é ir trocando até que se ache o modelo ‘ideal’. Recentes pesquisas, no entanto, atestam que ainda não se conseguiu inventar tal protótipo. Cuidado, existem no mercado algumas marcas falsificadas, com embalagem de qualidade, mas que ao ser aberta, apresenta um produto inócuo/ou prejudicial. Ou seja, produto que além de não apresentar efeito positivo, pode agravar os sintomas. Não contém SIMANCOL.

Blog vavadaluz

Promotor de Justiça tem que ser radical


Promotores de justiça novatos na carreira amiúde são alvos de críticas por parte de (alguns) colegas mais antigos - a grande maioria, ao que parece, já desiludida, desmotivada, tíbia de ideal, superficial, enfim, burocrata - pelo simples fato de atuarem de forma aguerrida, que buscam combater desde os pequenos até grandes ilícitos nesta Terra de Santa Cruz, movidos por um ideal sublime: lutar (buscar) por uma sociedade mais justa, combatendo não só pés descalços mas também figurões. São, por isso, apodados por radicais.

Talvez os promotores (burocratas ou lights), de tanto nadarem contra a maré - de verem a injustiça sobejar -, sejam os criadores do aforismo: "os incendiários de hoje serão os bombeiros de amanhã". Isso não passa de decretação da desilusão.

Fato é que estamos diante dum mundo de trevas a escurecer o sonho de cada um, e pouca luz para iluminar a esperança que não deve, nem pode desaparecer. Nas palavras do filósofo José Ingenieros, em O Homem Medíocre (1928): "sem sombra, ignoraríamos o valor da luz".

Ensinou ainda o grande Ingenieros: "os idealistas românticos são exagerados, porque são insaciáveis. Sonham mais, para realizar o menos; compreendem que todos os ideais contêm uma partícula de utopia, e perdem alguma coisa, quando os realizam: de raças ou indivíduos, nunca se integram como se pensam. Em poucas coisas o homem pode chegar ao ideal que a imaginação assinala: sua glória está em mandar em direção dele, sempre inatingido e inatingível." Em seguida, arrematou: “Quando colocamos a proa visionária na direção de uma estrela qualquer e nos voltamos às magnitudes inalcançáveis, no afã de perfeição e rebeldes à mediocridade, levamos dentro de nós, nesta viagem, a força misteriosa de um ideal. Quem deixa essa força se apagar, ficando simplesmente inerte, não passa da mais gelada bazófia humana. (...) O ideal é um gesto do espírito em direção a alguma perfeição”.

Enfim, todo ideal é exagerado. Precisa sê-lo.

Aliás, aos que crêem, o criador vomitará os mornos! Está lá no Apocalipse (3:15-16): "Conheço tuas obras: não é frio nem quente. Oxalá fosses frio ou quente! Mas, porque és morno, nem frio nem quente, estou a vomitar-te de minha boca". Ditado cristão que, de fato, colide frontalmente com a corrente e moente frase latina virtus consistit in medio. A virtude está no meio. Nem tanto, nem tão pouco. Tão mau é o sobejo como o minguado. In medio consistit virtus. Virtus in medio.

A razão parece estar com o filósofo chinês Confúcio, quando advertiu: "Eu sei por que motivo o meio-termo não é seguido: o homem inteligente ultrapassa-o, o imbecil fica aquém".

Daí que para não ser morno é preciso ser radical.

Cuidado: não confunda radical com sectário, pois são coisas distintas. Radical é aquele que se firma nas raízes, despido de convicções rasas, superficiais, medíocres. Melhor elucidando, radical é aquele que pauta suas ações e posturas pela solidez, liberto da indefinição dissimulada e das certezas medíocres. Noutro viés, o sectário é o que é parcial, intransigente, faccioso, é dizer, aquele que não é capaz de romper com seus próprios contornos e dirigir o olhar para outras possibilidades. É o medíocre.

Trocando isso em miúdos: radicalidade é uma virtude; o vício está no sectarismo, na superficialidade.

A sociedade brasileira já não aguenta mais. Está faminta de promotores de justiça radicais, que sejam realmente instrumentos de transformação social.

É verdade que os membros do Ministério Público precisam ter determinação e paciência. Muitas vezes será necessário voltar ao ponto de partida e recomeçar tudo de novo. As coisas não caem do céu. Está em Camões: “As coisas árduas e lustrosas só se alcançam com trabalho e com fadiga”.

Vale, pois, a lição motivadora de Magalhães de Noronha: “No Ministério Público, qualquer cargo é de sacrifício e lutas onde se apresente o Promotor de Justiça – denominação que hoje abrange a de curador – haverá sempre um combate, para que triunfe a justiça e impere a lei. Quando outros se entibiam e vacilam, arroja-se e porfia o Promotor, não arrefece seu ímpeto o retraimento de alguns; não o aterroriza o poder dos fortes, porque ele se bate por um ideal superior e, nesse terreno, só ouve os ditames da consciência e só se inspira no cumprimento do dever. Esse dinamismo do Ministério Público melhor se destaca em confronto com a Magistratura, cujas excelsas funções não exigem a combatividade daquele, porque a imparcialidade, nota mais bela e difícil da arte de julgar, exige do magistrado imobilidade, de modo que evite as suspeitas que adviriam de um excesso de iniciativas. Contrastando com esse imobilismo, o Ministério Público deve ser eminentemente pugnaz, sua qualidade suprema, sem a qual seriam inúteis as demais, é o espírito de luta. Sem o destemor e a pugnacidade para arrostar os perigos, para enfrentar os riscos de que são pródigos os combates incruentos do foro, jamais cumpriria ele sua missão”. (In Direito Penal, vol. I, Saraiva, 12ª edição, pág. 351)

De tal arte, torna-se de rigor que alguns "velhos" promotores sejam renovados pela mocidade, pelo ideal e espiríto de luta do jovem promotor de justiça, deixando a comodidade e a burocracia de lado para atuarem com denodo, como verdadeiros protagonistas das mudanças sociais. Do contrário, de bom alvitre é a aposentadoria para o bem da sociedade brasileira.

Abaixo, então, a mediocridade e a comodidade!

Por César Danilo Ribeiro de Novais, promotor de justiça/MT.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Carta ao governador Jacques Wagner - em busca da correção de uma injustiça‏


http://sn128w.snt128.mail.live.com/mail/clear.gif                                         Governador Jacques Wagner, sou baiano de uma cidadezinha lá dos grotões do Estado, fica na região de Irecê, chama-se Presidente Dutra, como o Senhor que é carioca de nascimento e baiano de coração, eu também sou um baiano, adotado pela Paraíba, esta terra maravilhosa que não exclui nem tem preconceito com o de fora, com o diferente, com o migrante. Sou Promotor de Justiça, talvez o mais conhecido do Estado, desculpe Sr. Governador a falta de modéstia, mas sou destemido, apaixonado, compromissado, idealista, o meu sonho é o seu sonho, é ter uma Bahia, uma Paraíba, um Brasil mais justo, mais solidário com plena inclusão social e este sonho acalentado é porque Sr. Governador, passei fome, sobrevivi com batata doce durante três vezes ao dia, nunca comi pão e carne, só às vezes, éramos miseráveis, não tenho vergonha de lhe dizer. Nunca vesti uma cueca, só o fiz aos 16 anos e só calcei um sapato aos 14, um kichut comprado no meio da feira de Presidente Dutra e tudo porque minha família estava lá, bem depois da linha de pobreza extrema.
                                      Governador Jacques Wagner, sei da sua luta, estudante militante, interrompeu seu curso de engenharia, refugiou-se na Bahia, foi operário no Centro Petroquímico de Camaçari e também sindicalista, um peregrino das causas e das lutas do povão, foi deputado federal por três vezes, Ministro do Trabalho e das Relações Institucionais e por último Governador da minha terra por duas vezes, sepultando o que tínhamos de mais atrasado, o "CARLISMO", que se leia "Memórias das Trevas".
                                       Governador, já que me apresentei ao senhor, me permita fazer-lhe um humilde pedido, uma súplica mesmo, eu tô lhe rogando pela correção de uma sentida, aguda, horripilante injustiça praticada contra um povo humilde, simplório, pacifista, mas sem nenhuma consciência, sem nenhum esclarecimento à época, esse povo governador Jacques Wagner, é o povo de Presidente Dutra, de Irecê, de São Gabriel, de Uibaí.
                                     Eu era ainda menino Senhor Governador, com os pés descalços, o tronco desnudo, com a barriga vazia, a vista turva, eu tinha apenas 10 anos de idade, mas já percebia a inaceitável violência, a intragável injustiça, violenta, grosseira, arrogante, impossível de ser deglutida, isto ocorreu há mais de quarenta anos, mas me lembro como se fosse hoje Sr. Governador, tenho tudo gravado na minha mente.
                                    Pois é Governador Jacques Wagner, adorei o Senhor ter vendido a sua barba à gillete para obras sociais na minha gloriosa Bahia, com apenas 10 anos de idade, filho de uma família paupérrima, vi os tratores do CARLISMO, pois era Antonio Carlos Magalhães o governador de então, invadir a pequena terra do meu falecido pai, um baiano honesto, que chorava à noite vendo os filhos com fome, chorava escondido eu sei, o sertanejo tem vergonha de chorar em público, vi comovido e estático, com o choro engasgado, o do interior tem vergonha de chorar em público, os tratores de ACM jogaram nossas plantações, nosso pé de umbú para os lados, abrirem buracos de fora a fora como se diz lá e fez isto com centenas de pequenos agricultores, estava sendo construída a estrada de Irecê a Uibaí, mas o pior de tudo, o poderoso governador foi desonesto, desumano, implacável, ferino, bestial, cruel, ímprobo, SIMPLESMENTE NÃO INDENIZOU OS PEQUENOS AGRICULTORES, foi um esbulho possessório vergonhoso, escandaloso, efetivado por um governo autoritário, de exceção, contra pobres e impotentes agricultores.
                                      Governador, me recordo de José Pedro, pai do meu padrinho Arsênio, ele fez até uma música sobre a estrada, parte dela dizia "Achei bonito o serviço do governo, achei bonita a estrada federal e José Pedro já ficou de lero-lero uai, oi de lero, achei bonito os tratores trabalharem". Na verdade a estrada é estadual e “de lero-lero” significa sem nada, já que a única coisa que possuía, sua terrinha, ele havia perdido, a estrada de Antonio Carlos Magalhães usurpou, extorquiu, confiscou, esbulhou suas terras.
                                      Governador, indenizar as famílias dessas vítimas seria uma medida de altivez, vertical, grande, nobre, seria corrigir um ato de força, seria lavar a honra desses homens, seria uma homenagem às suas famílias, uma vez que eles com certeza, na sua maioria não mais se encontram entre nós.
                                     Governador, faça isto e se tornará maior ainda, corrija a injustiça perpetrada e eu, assim como todos os baianos, aplaudiremos a sua atitude, que além de legal, se transformará num dos mais elevados atos cristãos praticados por um governante.
                                         Governador, fica aqui a minha humilde súplica, atenda-a, não frustre um admirador, um fã.

                                         (A presente crônica foi remetida ao governo da Bahia, nesta data (31.10.2011), assim que a resposta chegar, publicaremos a mesma).