PRESIDENTE
DUTRA, ISTO, AQUILO O OUTRO
Somente
no ano de 1973 tivemos o batismo das primeiras ruas e numeração das casas de Presidente Dutra
Foi no governo do nosso
querido João Novaes Filho (João de Kâinda), 1973/1976, que o meu saudoso primo
Anfilófio Machado (Afilozão), foi encarregado de batizar as ruas da cidade, e
assim, a Presidente Dutra daqueles tempos, passava a tomar ares de lugarejo
avançado, com placas reluzentes (eram de alumínio, com fundo azul e as letras
brancas) ostentando pomposos nomes daquelas artérias e com a população
orgulhosa, afixando em suas residências os algarismos doados pela prefeitura
local.
Os moradores tiveram
dificuldades, pois eram acostumados a chamar as ruas por apelidos e demorou
bastante a incorporar em seus vocabulários às novas denominações, me recordo
por exemplo da Rua Aurora (Rua de Romaninha), Rua Sete de Setembro (Rua da
Remela), Avenida Manoel Novaes (Rua do Folga), Praça João Alves (Rua de Manilim), Rua Velame
(Rua que vai para Irecê), Rua Nova (Rua de Dumingão), Castro Alves (Rua de Simeão),
Praça do Comércio (Rua da Praça), Praça da Matriz (Rua da Igreja), Rua Direita
(Rua do Cemitério), Avenida São Gabriel (Rua da Prefeitura), Paraibinha (Rua de
Manoel dos Santos), Praça João Mendes (Rua da Barriguda).
Em todas esses logradouros
presidentinos residam pessoas maravilhosas e que marcaram época na cidade, elas
são imorredouras, dignas de figurarem num livro para imortalizá-las, dentre muitas
me lembro da mãe de Creuza, Manim e Nondas Bago Mole, Manoel dos Santos,
Romaninha, Antonio Caroba, Pedrão de Kâinda), Zé Pequeno, Liobino, Chicão, Zé
Padre, Zidorão, Tenente Fausto, Zoza Mendes, Zezinho Mendes, Manilim, Soló,
Vivaldo, Soldado Firmino, Tião magarefe, Gildásio Raposa, Antonio Branco,
Mazola, Emidão, Major Deca, Domingos Mendes, Velho Alfredo, João Grilo,
Grigorão, Antonio Caroba, Osmarzão, Zuza Capeu, Sinésio, Lia Barreto, Vanilde
de Zariéis, Lindolfo, Altininho, Ana Mendes, Quinca de Venço, Zoró, Raulão,
Firmição, Antonio Sergipano, João de Venera, João Casquinha, Odilonzão,
Lievino, Zé Grande, Dona Auta, João de Porcina, João Miranda, Seu Lázaro,João
de benigno, Zuza Mendes, Oripim, Pedro Coutinho e outras centenas, e o melhor,
a todos tive a honra de conhecer e pasarei a lembrá-los semanalmente.
O
projeto Rondon – A primeira vez que mulheres da Dutra tiraram a roupa num exame
ginecológico – um escândalo para os homens e constrangimento para elas
O Projeto Rondon foi
uma criação da Ditadura Militar nos idos de 11 de julho de 1967 e tinha como
lema: Integrar para não entregar, expressando um ideário desenvolvimentista
articulado à doutrina de segurança nacional. Este projeto promovia atividades
de extensão universitária levando estudantes voluntários às comunidades
carentes e isoladas do interior do país, com atuação de caráter assistencial
organizada pelo governo e visava cooptar e alienar também, o movimento
estudantil e nós também recebemos uma representação desse projeto. Eram estudantes
de medicina, odontologia, veterinária, enfermagem, ciência, farmácia, biologia
e eles atendiam aí nesta casa da Praça João Alves, onde foi o Hotel de Cota,
bem em frente à casa de Dona Bela e Dr. Anizinho, pais de Edi, Mario, Aderlan,
Alécio.
Mas o foco do projeto
foi retirado e o comentário geral era que as mulheres tinham que tirar a roupa
e abrir as pernas e a coisa piorou, quando Regina de Zidorão , uma virgem que
depois se casou com o Viúvo Ananias deu
escândalo, passou mal e o furdunço estourou na Dutra, dezenas de mulheres envergonhadas
choravam seus constrangimentos e dezenas de homens queriam matar os “DÔTOR DO RONDON”. Sem dúvida alguma,
foi muito difícil para essas mulheres tirarem suas roupas e exibirem suas
vergonhas, suas intimidades, suas partes
pudendas para os estranhos invasores e o pior, elas não tiveram nenhum preparo
anterior, alguns dos estudantes se esqueciam da ética e criticavam nossas
mulheres pelas más condições de higiene, de asseio, mas tudo era compreensível,
nesse tempo não tínhamos água e o banho se resumia a lavar os pés, as mãos, os
braços e o rosto, eu fui deste tempo e até hoje tenho preguiça de tomar banho,
nos finais de semana tomo um na sexta à noite e outro na segunda feira pela
manhã.
Mas uma mulher se
destacou orientando as demais, foi Dona Domingas,
mãe de Genú, de Lourdes, de Vadinha e de Cici e avó do nosso glorioso Uelder. Ela
conscientizava, esclarecia, incentivava e a justificativa era: eu já fiz este
exame em Xique-Xique e as mulheres ricas de lá é quem mais faz, e que Deus o
tenha Dona Domingas.
Mas o certo é que esses
estudantes prestaram um grande serviço à Dutra, namoraram demais e todo dia
tinha festa na nossa cidade. A rua aí em frente a Romãozinho, vizinho a Lia Barreto
(Lia e Zé Barreto) moravam em frente a Romãozinho e Anizinho nesse tempo,
ficava apinhada de gente, somente para ver os Novos Bárbaros, ou seja, os
estudantes de toda a parte do país que levaram alegria, saúde e muitos
questionamentos à cidade.
EMATER
– Um boom de desenvolvimento na Dutra
Em plena ditadura (nem
sabíamos que isto existia) e no esplendor do chamado “Milagre Econômico
Brasileiro), o desenvolvimento não parava de chegar à Terra da Pinha e desta vez
chegou em forma de incentivo á produção, com técnicos e engenheiros de extensão
rural, para ajudarem os agricultores em projetos, aquisição de empréstimos e
investimentos, era a EMATER-BA – EMATÉRBA, era assim que pronunciávamos, chegando
na cidade para impactar pelo novo em forma de novos conhecimentos até então
desconhecido por nós residentes nesses grotões esquecidos.
Era o ano de 1975 e eles
chegaram com tudo: Montados em automóveis da marca GURGEL (eu tenho um deste,
pertenceu a Genival Lacerda, o cantor), Lobão e Marcelino passaram a ser o sucesso da cidade. Eles viraram
atração, o povo da minha terra são competentes e inigualáveis observadores,
logo perceberam que Lobão quando passava na Rua da Igreja, aliás, da Matriz,
soltava o volante do Gurgel e se benzia e com isto, sem saber, ele ganhou a
admiração de todos e medo de alguns, pois diziam que naquele gesto ele via a
mãe que havia morrido e pedia a ela a todos os santos, Agripino, sogro do meu
irmão Hildebrando quando via o gesto gritava: lá vai vem o demônio, isto é uma
macumba prá gente.
O Marcelino era mais
tímido, mas ficaram famosos por serem exímios dançarinos, eles davam show s nos
bares de Edvaldo e Zé de Milingido meus primos, todos paravam para vê-los
dançar, mas ainda eram possuídos de aguda simpatia.
Sei que Marcelino contraiu
núpcias me parece com Vera de Morena e Lobão não sei se retornou às suas terras
de origem. Acho que eles eram originários da capital, mas se adaptaram muito
bem por aí. Com a palavra Dr. Aderlan amigo de ambos e com quem ingeriu umas
poucas cervejinhas também na taba do Cacique.
Por hoje ficamos por
aqui e um beijo bem sentido no coração do meu povo.
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