sábado, 19 de outubro de 2013

PRESIDENTE DUTRA, ISTO, AQUILO O OUTRO










Somente no ano de 1973 tivemos o batismo das primeiras  ruas e numeração das casas de Presidente Dutra

Foi no governo do nosso querido João Novaes Filho (João de Kâinda), 1973/1976, que o meu saudoso primo Anfilófio Machado (Afilozão), foi encarregado de batizar as ruas da cidade, e assim, a Presidente Dutra daqueles tempos, passava a tomar ares de lugarejo avançado, com placas reluzentes (eram de alumínio, com fundo azul e as letras brancas) ostentando pomposos nomes daquelas artérias e com a população orgulhosa, afixando em suas residências os algarismos doados pela prefeitura local.
Os moradores tiveram dificuldades, pois eram acostumados a chamar as ruas por apelidos e demorou bastante a incorporar em seus vocabulários às novas denominações, me recordo por exemplo da Rua Aurora (Rua de Romaninha), Rua Sete de Setembro (Rua da Remela), Avenida Manoel Novaes (Rua do Folga),  Praça João Alves (Rua de Manilim), Rua Velame (Rua que vai para Irecê), Rua Nova (Rua de Dumingão), Castro Alves (Rua de Simeão), Praça do Comércio (Rua da Praça), Praça da Matriz (Rua da Igreja), Rua Direita (Rua do Cemitério), Avenida São Gabriel (Rua da Prefeitura), Paraibinha (Rua de Manoel dos Santos), Praça João Mendes (Rua da Barriguda).
Em todas esses logradouros presidentinos residam pessoas maravilhosas e que marcaram época na cidade, elas são imorredouras, dignas de figurarem num livro para imortalizá-las, dentre muitas me lembro da mãe de Creuza, Manim e Nondas Bago Mole, Manoel dos Santos, Romaninha, Antonio Caroba, Pedrão de Kâinda), Zé Pequeno, Liobino, Chicão, Zé Padre, Zidorão, Tenente Fausto, Zoza Mendes, Zezinho Mendes, Manilim, Soló, Vivaldo, Soldado Firmino, Tião magarefe, Gildásio Raposa, Antonio Branco, Mazola, Emidão, Major Deca, Domingos Mendes, Velho Alfredo, João Grilo, Grigorão, Antonio Caroba, Osmarzão, Zuza Capeu, Sinésio, Lia Barreto, Vanilde de Zariéis, Lindolfo, Altininho, Ana Mendes, Quinca de Venço, Zoró, Raulão, Firmição, Antonio Sergipano, João de Venera, João Casquinha, Odilonzão, Lievino, Zé Grande, Dona Auta, João de Porcina, João Miranda, Seu Lázaro,João de benigno, Zuza Mendes, Oripim, Pedro Coutinho e outras centenas, e o melhor, a todos tive a honra de conhecer e pasarei a lembrá-los semanalmente.

O projeto Rondon – A primeira vez que mulheres da Dutra tiraram a roupa num exame ginecológico – um escândalo para os homens e constrangimento para elas

O Projeto Rondon foi uma criação da Ditadura Militar nos idos de 11 de julho de 1967 e tinha como lema: Integrar para não entregar, expressando um ideário desenvolvimentista articulado à doutrina de segurança nacional. Este projeto promovia atividades de extensão universitária levando estudantes voluntários às comunidades carentes e isoladas do interior do país, com atuação de caráter assistencial organizada pelo governo e visava cooptar e alienar também, o movimento estudantil e nós também recebemos uma representação desse projeto. Eram estudantes de medicina, odontologia, veterinária, enfermagem, ciência, farmácia, biologia e eles atendiam aí nesta casa da Praça João Alves, onde foi o Hotel de Cota, bem em frente à casa de Dona Bela e Dr. Anizinho, pais de Edi, Mario, Aderlan, Alécio.
Mas o foco do projeto foi retirado e o comentário geral era que as mulheres tinham que tirar a roupa e abrir as pernas e a coisa piorou, quando Regina de Zidorão , uma virgem que depois se  casou com o Viúvo Ananias deu escândalo, passou mal e o furdunço estourou na Dutra, dezenas de mulheres envergonhadas choravam seus constrangimentos e dezenas de homens queriam matar os “DÔTOR DO RONDON”. Sem dúvida alguma, foi muito difícil para essas mulheres tirarem suas roupas e exibirem suas vergonhas, suas  intimidades, suas partes pudendas para os estranhos invasores e o pior, elas não tiveram nenhum preparo anterior, alguns dos estudantes se esqueciam da ética e criticavam nossas mulheres pelas más condições de higiene, de asseio, mas tudo era compreensível, nesse tempo não tínhamos água e o banho se resumia a lavar os pés, as mãos, os braços e o rosto, eu fui deste tempo e até hoje tenho preguiça de tomar banho, nos finais de semana tomo um na sexta à noite e outro na segunda feira pela manhã.
Mas uma mulher se destacou orientando as demais, foi Dona  Domingas, mãe de Genú, de Lourdes, de Vadinha e de Cici e avó do nosso glorioso Uelder. Ela conscientizava, esclarecia, incentivava e a justificativa era: eu já fiz este exame em Xique-Xique e as mulheres ricas de lá é quem mais faz, e que Deus o tenha Dona Domingas.
Mas o certo é que esses estudantes prestaram um grande serviço à Dutra, namoraram demais e todo dia tinha festa na nossa cidade. A rua aí em frente a Romãozinho, vizinho a Lia Barreto (Lia e Zé Barreto) moravam em frente a Romãozinho e Anizinho nesse tempo, ficava apinhada de gente, somente para ver os Novos Bárbaros, ou seja, os estudantes de toda a parte do país que levaram alegria, saúde e muitos questionamentos à cidade.

EMATER – Um boom de desenvolvimento na Dutra

Em plena ditadura (nem sabíamos que isto existia) e no esplendor do chamado “Milagre Econômico Brasileiro), o desenvolvimento não parava de chegar à Terra da Pinha e desta vez chegou em forma de incentivo á produção, com técnicos e engenheiros de extensão rural, para ajudarem os agricultores em projetos, aquisição de empréstimos e investimentos, era a EMATER-BA – EMATÉRBA, era assim que pronunciávamos, chegando na cidade para impactar pelo novo em forma de novos conhecimentos até então desconhecido por nós residentes nesses grotões esquecidos.
Era o ano de 1975 e eles chegaram com tudo: Montados em automóveis da marca GURGEL (eu tenho um deste, pertenceu a Genival Lacerda, o cantor), Lobão e Marcelino passaram  a ser o sucesso da cidade. Eles viraram atração, o povo da minha terra são competentes e inigualáveis observadores, logo perceberam que Lobão quando passava na Rua da Igreja, aliás, da Matriz, soltava o volante do Gurgel e se benzia e com isto, sem saber, ele ganhou a admiração de todos e medo de alguns, pois diziam que naquele gesto ele via a mãe que havia morrido e pedia a ela a todos os santos, Agripino, sogro do meu irmão Hildebrando quando via o gesto gritava: lá vai vem o demônio, isto é uma macumba prá gente.
O Marcelino era mais tímido, mas ficaram famosos por serem exímios dançarinos, eles davam show s nos bares de Edvaldo e Zé de Milingido meus primos, todos paravam para vê-los dançar, mas ainda eram possuídos de aguda simpatia.
Sei que Marcelino contraiu núpcias me parece com Vera de Morena e Lobão não sei se retornou às suas terras de origem. Acho que eles eram originários da capital, mas se adaptaram muito bem por aí. Com a palavra Dr. Aderlan amigo de ambos e com quem ingeriu umas poucas cervejinhas também na taba do Cacique.

Por hoje ficamos por aqui e um beijo bem sentido no coração do meu povo.

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