Sou apaixonado por Cultura, notadamente a
Cultura Popular. Percebi que a Cultura e o Esporte salvam vidas, projetam
pessoas para o sucesso e retira uma inavaliável quantidade de seres humanos da
exclusão, não sei o motivo pelo qual os nossos prefeitos não criam espaços
culturais e esportivos em suas cidades, visando ensinar cultura e esportes e
até descobrir grandes valores escondidos e sem oportunidades.
A nossa cidade foi rica em Cultura Popular e passarei a citar pessoas que sem
saber, fizeram cultura na nossa terra.
Inicialmente citarei JÚLIA CAROTEIRA (caroteira vem de carotes, utensílios para
transporte d’água no lombo de animais ou pequenos barris de madeira ou
borracha) que com sua s filhas BIINHA (Laudelina), Maria e Elvira, além do
filho Manuel de Júlia, o Saruê, juntamente com outros moradores do povoado
Bernaldo (sobre quem pretendo escrever) era exímia carpideira, ou seja, era
paga para chorar e rezar para todos os defuntos da Dutra e região, iam para São
Gabriel, Irecê, Uibaí, eram profissionais dessa cultura, de forma que merecem o
mais sentido reconhecimento, elas fizeram cultura na nossa terra sim senhores.
Júlia, suas filhas e filho e outro originários DO BERNAlDO, também encenavam
nas noites de Janeiro o BOI DE REIS ou BUMBA MEU BOI, ou BOI DE JANEIRO, uma
história trazida da Espanha e Portugal, cujo enredo se desenvolve sobre a morte
e ressurreição do boi e aqui na Paraíba ainda tem como personagem o mestre, o
contramestre, galantes e damas, Mateus, Birico, Catirina, Vaqueiros, Cavalo
Marinho, Urso, Ema, Gata, Jaraguá, Gigante e o Boi. Eu tive o privilégio de
assistir o Boi de Reis de Júlia Caroteira, já que esse folguedo era apresentado
nas casas, sempre na parte da noite e era acompanhado por grande número de
pessoas, uns atrás do espetáculo, outros de namoradas e bebida.
Não me esqueço dos fundadores do Clube do Turfe em Presidente Dutra, essa
cultura inglesa era praticada pelos nativos FRANCISO MIRANDA, o nosso
inesquecível CHIÇÃO (pai de Saul, Davino, Antonio, Pedrão, Rita e Nacó), o
qual, ao lado do seu amigo e compadre ZÉ PADRE, assessorados pelo expert no
assunto PEDRO XENXEM do Canoão de João Gomes, animavam com corridas de cavalos
as tardes de domingo na nossa querida comuna, os locais da prática eram o Campo
de Avião e a estrada em frente ao cemitério, com cercas de quiabento dos dois
lados, se o animal desgarrasse lá no campo de avião, o jóquei perdia o desafio
e na estrada do Canoão, lá no cemitério, seria duramente castigado pelos
espinhos sempre afiados do quiabento. Me lembro que Zé Padre era o próprio
jóquei do seu cavalo, mas parece que nunca chegou a ganhar nenhuma prova,
contudo, não desistia, era um apaixonado. A maior corrida que ocorreu em
Presidente Dutra, foi a do Cavalo 21 e a do Russio de Chicão, o Russio perdeu e
Davi de Argemiro (Davizinho de Diva) foi um dos apostadores que mais perdeu
dinheiro na bolsa de apostas.
Não nos esqueçamos de Silvino Vermelho e Dona Luzia, eles são pioneiros no
Candomblé, uma religião rica em cultura e tratada com preconceito e
discriminação por muitos, eles tiveram a coragem de assumir a religião e a
divulgaram na região, eu inclusive sou no Candomblé filho de Baru.
Grande personagem era ZÉ PEQUENO, pai de Nissão, Antonio Pequeno, Zilda, só
para citar alguns, era devoto de Santa Luzia a mártir decapitada em 303 porque
não quis casar com um poderoso e além da procissão (herança do catolicismo
sertanejo), realizava invejáveis quermesses, com dezenas de animais e
aves, além de comidas oferecidas à santa, sendo oferecidos nos animados
leilões.
Os moradores da Rua Do Folga (desculpe a informalidade é que me esqueço do nome
correto), Aristóteles, Nondas, Maninho Bago Mole e Gilmar de Anfilófio,
chegaram a realizar desfiles dos chamados CARETEIROS, cujo nome correto só
depois tive oportunidade de conhecer, ou seja, são os PAPANGUS NORDESTINOS,
figuras que povoam os carnavais vestidos dos pés até à cabeça e com máscara,
são tiranos, desengonçados, perigosos, quem mexer com a mulher do PAPAPNGU é
solertemente castigado.
Não menos importantes foram João Miranda com seus forrós onde a democracia
imperava, todos podiam dançar desde que a dama aceitasse. Mané dos Santos,
inventor dos enterros em rede de dormir e primeiro na realização de cantorias
com os repentistas que chegavam da Paraíba e se apresentavam para nós. Lázaro,
Zezinho Casa Nova e Pedro de Jaci, os irmãos que trouxeram uma cultura de
desenvolvimento para a cidade, pois adquiriram caminhões para transportar tudo,
inclusive as pobres mães de família presidentinas para a Boca D’água, Uibaí e
Fonte Grande, a fim de lavarem nossas roupas, bem como, vendiam água nos tempos
das causticantes estiagens a preço simbólico ao nosso povo sedento e faminto.
Será que essas culturas permanecem ou foram enterradas em companhia dos seus
apologistas? Será que seus candidatos que alguns defendem com tanto ardor
possuem uma consciência cultural e esportiva? Se não, seus comentários que
tenho visto, refletem apenas paixão, fanatismo e o mais dos angustiantes
atrasos, já que reflete as trevas de uma paixão pueril, cega, irresponsável,
patológica que a todos prejudica, pois quatro anos perdidos numa administração
sem preparo, é um tempo que não volta, é prejuízo demais para as crianças, para
os idosos, para a juventude e para aqueles que precisam das mais diversas
oportunidades, para se realizarem como mulheres, homens, cidadãos, cuja
dignidade humana, muitas vezes é desrespeitada, por conta da estreiteza mental
que obnubilam suas mentes e alçam aos passos municipais os carrascos, os
ditadores ególatras, vazios, incapazes de gerarem o bem comum, qualidade de
vida, emprego, renda, educação, saúde e embelezamento da Urbe e fechando, esses
homens e mulheres que acima nominei, merecem homenagens, como bustos nas
praças, nomes de logradouros e outras honrarias, pois marcaram época e deixaram
um legado de paz, de alegria, de honestidade, de humildade, como devem ser as
coisas de Deus.
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