domingo, 7 de agosto de 2011

Saudades da Minha Terra e Jacaraú

Meus estimados leitores, nasci num pedacinho de terra chamado Presidente Dutra, lá nos grotões do Estado da Bahia, e naqueles tempos, naquelas plagas, não existia energia elétrica, água gelada, calçamento, asfalto, carro com ar condiconado, internet, salário mínimo, aposentadoria do INSS e outros confortos, só existia mesmo com muita fartura era muita necessidade, contudo, isto não era motivo para que as pessoas simples do meu lugar encantador fossem infelizes, eu por exemplo, nunca tive contato com essa tal de infelicidade, fui menino profundamente alegre, com infância bem vivida, apesar da pobreza extrema, fui um rapaz também sem problemas existenciais e um adulto repleto de sonhos, de coisas boas, nunca tive contato com o mal.
Não tenho do que me queixar, na venda de Gedeon, meu irmão querido, ponto de reunião das pessoas da rua, sempre escutava Zé Velho, filho do Velho Isidoro, tido e havido como o maior mentiroso do lugar e que gostava de tomar a benção dos meninos, marido da Velha Martinha, pessoa querida de todos que a conheciam. Certo dia Zé Velho contou que em Gabriel, cidade de onde eram originários, uma jumenta foi encontrada dentro de uma raiz de mandioca, o que foi confirmado por seu genitor. Mas Zé Velho era um grande realizador de perguntas, me lembro que certa vez ele indagou dos presentes qual a mulher mais mentirosa do mundo e como ninguém sabia ele mesmo respondeu: JUSTAMENTE.

Mas conheci figuras que marcaram minha pobre infância, cujas fisionomias ainda estão bem nítidas em minha mente e das quais sinto muitas saudades, a exemplo de João de Franco, que além de mascar fumo, gostava de tomar uma "lapada" de cana, o nosso Velho Alfredo, o qual não gostava de criança e se uma passasse de frente à sua casa com gracejos era imediatamente açoitada com uma chibata que guardava só para esse fim e Gordão e Quarentinha de Saul provaram da chibata do Velho Alfredo.

Não posso esquecer dos irmãos Casanova, Pedro de Jaci, Lázaro e Nelson Tampinha, sendo que dos três, o que mais me marcou foi Seu Lázaro,o pai de Pedro, de Zé, de Laura, de Tereza, da Marilza, de Josefa, Miro, Ilza e de Vanusa, todas pessoas educadas e que orgulhavam a nossa rua, homem por quem nutro inavaliável amor, como se fosse um segundo pai, já que o Velho Lázaro também gostava de mim, me chamava de "Vovô", dizendo que eu me parecia com o meu avô João Mendes, o qual não tive a honra de conhecer.

Os irmãos Casanova levaram progresso para minha terra, compraram caminhões, creio que foram os primeiros, e dentre tantos serviços que prestaram destaco o de transportar as mulheres da minha cidade para a Fonte Grande, Boca D'água e Uibaí para lavarem roupas, já que na nossa terra nunca teve água em abundância, anotando-se que viajei muitas vezes para essas localidades, em cima da carroceria, na companhia da minha gloriosa mãe Elvira.
Manoel dos Santos, ou Velho Mané, um paraibano aqui de Picui marcou época na Dutra, era empreendedor, construiu o primeiro sobrado e em frente ficava estacionado um velho chevrolet, mesmo que sem pneus para rodar, servia à meninada que brincava de aprender de dirigir.

Bom se lembrar de Zé Pequeno, o dono das jumentas que iniciou sexualmente algumas gerações de Presidente Dutra e que era apaixonado por futebol, espero que no céu, ao lado de Mariquinha, continue vibrando com a gente, a turma que formava o time de Raulão de Gaspar, ou seja, Zé de Lázaro, Neguinho e Goleiro seus netos, Eu Marinho Mendes, na época Galego, Edimário de João de Franco, Vilsão, Dado Preto, Cuscuz, Chico Gago, Gi de Zé Velho, Sidnei de Edson, Zé Barrão, Zé Capanga e outros que agora me fogem da memória.

Era algo extraordinário, nos dias de domingo avistar meu tio Hermenegildo esquipando em seu cavalo preto, era na verdade uma marcha acelerada, que só se ver em cavalos marchadores puro sangue, orgulhosamente se exibindo nas ruas empoeiradas da dutra.
E Chicão, fã de corridas de cavalo com seu cavalo RUSIO, treinado por Antonio Xenxén e concentrado na Lagoa do Buraco para a famosa corrida com o Cavalo 21, para que os adversários não dessem rapadura ao mesmo, pois segundo Xenxém enfraquecia o corcel, era simplesmente impagável, notadamente quando travava dsicussão com o eterno perdedor Zé Padre, que apesar de portar certa deficiência, era o próprio jóquei do seu animal.

João de Dinha, Nilzona minha estimada cunhada, Maria de Martinha, Eva e Orlandão, Amélia Velha, Lourão e Genésia, Maria do Juá, Mamédio,Velha Luzia, João Miranda, João de Porcino, Odilonzinho e outros, serão assunto para a próxima crônica, não deixem de ler.

Finalmente, aqui em Jacaraú tenho visto muitas figuras que em tudo se assemelham a esses cidadãos presidentinos, que merecem com toda justiça uma estátua no logradouro público mais importante da Dutra e que me faz ter as mais belas e sentidas recordações da minha terra, a dutrinha querida.

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