quinta-feira, 23 de junho de 2011

CARTA DE UM PAI BRASILEIRO A UM CÔNSUL AMERICANO

Senhor Cônsul Americano, mui autoridade diplomática lotada na cidade do Recife, escrevo esta missiva para lhe dizer, que sou pai de dois filhos maravilhosos, um com 21 anos de idade e o outro com 17, os quais são atletas completos, já que cavaleiros de primeira linha, bons jogadores de futebol e agora campeões brasileiro de jiu-jítsu em suas modalidades.

Sou um pai orgulhoso Senhor Cônsul, meus filhos são limpos, não possuem vícios de qualquer natureza, são educados, o primeiro é terceiroanista de Direito e o segundo cursa o terceiro ano do ensino médio.

Meus filhos Senhor Cônsul, são amorosos, pacíficos, avessos a badalações, são amigos, sinceros e com muita vaidade lhes afirmo, sem receio de me equivocar: são profundamente honestos, não aprenderam a mentir, enganar, levar vantagem, aprenderam sim, a respeitar os direitos dos outros, a lutarem pela vida, nunca aceitei favores de ninguém, nunca solicitei empregos de quem quer que seja, sempre para manter-me firme e independente no meu ofício de humilde Promotor de Justiça do Estado da Paraíba.

Como os adestrei na honestidade, ensinando-lhes a falar a verdade, eles assim procederam na entrevista realizada hoje, dia 22.06.2011, no seu consulado, aí em Recife, eles, dois meninos inexperientes e sem malícia, responderam que estavam ali para tirar o visto, para participarem de um campeonato de jiu-jítsu em Las Vegas, lá no seu importante País, mostraram comprovantes do que alegavam, mostraram suas medalhas de campeões, declarações de suas instituições de ensino e até disseram o ofício do pai, sempre no afâ de provar que não pretendiam e nem pretendem morar no seu País, eu estava presente e me assustei, quando o seu oficial solicitou cópia do meu imposto de renda, logo vocês que defendem tanto o sigilo e a privacidade! desnorteado, ainda tentei mostrar um contracheque, o qual foi solenemente ignorado.

Chorando por dentro, escutei Senhor Cônsul, quando seu funcionário verberou com uma voz mecânica e gelada que não seria possível a concessão do almejado visto e entregou uma carta mencionando que lessem os motivos que objetivaram a recusa ao visto. Esta carta infame dizia que meus filhos Senhor Cônsul, de mãos imaculadas, nunca tocaram no alheio, nem em drogas que o seu País tanto consome, não preenchiam os requisitos sociais, educacionais e familiares que demonstrassem o desinteresse de permanecer em seu País. Quanta empáfia, quanta arrogância, nem você e nem seu frio e despreparado funcionário nos conhecem, não puderam ver neles o amor pela família, pelos estudos, pela sua Paraíba, pela escola, pelos amigos e por seus poucos pertences, não puderam ler esses sublimes sentimentos dos quais eles são contaminados, talvez porque em seu País, tais sentimentos não seja apanágio do seu povo, o amor à terra, aos pais, aos amigos, à namorada, não seja importante, para vocês o importante é o dinheiro, o vil metal, para vocês, o importante é dominar o mais fraco, submeter os pequenos, extrair as riquezas daqueles que não se curvam aos seus caprichos.

Senhor Cônsul, nós amamos o nosso País de coração, de forma incalculável. Seus dólares, suas riquezas, seus poderes plenipotenciários não nos enchem os olhos e por isto mesmo, preferimos o nosso Brasil, a nossa Paraíba.

Só senti uma grande dor, aquela dor que o Senhor Cônsul não sente, você foi educado para ser machão, para aos 18 anos sair de casa, você não sabe como é bom no Brasil, no Brasil nossos filhos serão eternos meninos, cheios de vida, de afeto, sempre nossas casas estarão abertas a eles, sem hora marcada. Aqui no Brasil, onde come um, come dez. De forma Senhor Cônsul, que se você tinha um aliado que admirava a América, agora tem alguém acabrunhado, que sofreu quando viu nos olhos dos seus filhos uma aguda decepção, a decepção de quem tem um sonho impedido, foi isto que você fez, sem saber que amamos loucamente a nossa Pátria e PRINCIPALEMENTE, QUE OS MEUS MENINOS FALAVAM A VERDADE, e com o coração chorando, pude ler nos seus olhos juvenis e sonhadores, a frustração com homens como o Senhor e o seu servo. Viva o Brasil, não queremos morar na sua terra, não queremos ser humilhados por seus patrícios e nem trabalhar no submundo do trabalho ilegal da sua América, até do nosso continente vocês se acham proprietários, para não sermos vítimas dos seus preconceitos, das suas injustiças, do seu aparelho de segurança, que prende, mata e não suporta latinos. Viva o nosso país, é nele que queremos viver, procriar, crescer, como gente cheia de honra, de orgulho, de solidariedade com o próximo.

Esta carta chegará a todas as instâncias do meu País e terá eco. Aqui temos sentimentos, temos alma.

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