terça-feira, 27 de dezembro de 2011

ENTÃO É NATAL? OU PSEUDESTASIA?


                                               Então é natal? Duvido muito, não posso concordar que na festa de natal do filho do criador, de quem me declaro fã incondicional, pela sua imensa sabedoria e inavaliável bondade, seja uma data para consumismo exagerado e até doentio, muitos de nós estamos agudamente enfermos, encontramos desculpas em tudo para sermos consumistas devoradores, tudo compramos, sem percebermos que na verdade estamos sendo egocêntricos, individualistas e simples instrumentos da mídia, e ainda fazemos isto travestido da mais soberba arrogância, sendo a pergunta por demais pertinente: então é natal?
                                               Então é natal? Duvido muito, em plena celebração do aniversário do homem que se ofereceu como último cordeiro para nos salvar, ainda existem cristãos com almas púrpuras de ódios, de mágoas, de rancores, com corações ressequidos de amor, de forma que para mim, nesse vale árido de bondosas virtudes a data  pode ser tudo, menos natal. A comemoração do nascimento do filho do homem não pode acontecer em meio à discórdia, em meio a corações plenos de ressentimentos, desejosos de vinganças, cujo maior sonho que lhes habitam nesse deserto de ético entendimento relacional, é o fracasso do próximo, daquele considerado desafeto, daquele tido como concorrente, do adversário de hoje, mas aliado de outrora e do futuro, dependendo das conveniências, para que tombem de forma indigna e que ele possa assumir o seu lugar. Então é natal mesmo? Ou é Pseudestasia?
                                               Então é natal? Duvido muito, pois se nas solenidades que marcam o natalício do rebento de Deus, ainda existirem famintos, descalços, desnudos, desdentados, desgrenhados, uma procissão desalmada que vaga sem rumo, se existirem também meninas mal saídas da infância, cujas virgindades, inocências física e moral deveriam ser protegidas, mas que alguém  de forma cruel e insana já as prostituíu, já as corrompeu, e se também existirem menores e maiores abandonados, sem teto, sem nada, sem emprego, sem dignidade, sem cidadania, sinceramente indago a você minha irmã, meu irmão: Então é natal? ou Pseudestasia?.
                                               Então é natal? Tenho angustiantes dúvidas, já que o culto exagerado ao corpo e ao tido como belo, com gastos com profissionais conhecidos como personal stylist, personal trainer  e academias de pilates, dança e malhação em geral, são mais importantes para essa juventude do "tanquinho" e para adultos sem céfalo do que a discussão sobre as pragas do preconceito com os diferentes, com as minorias, com os portadores de deficiências, com os originários de etnias diversas, com os idosos, então pergunto, é natal?
                                               Então é natal? Tô extremamente confuso, só ouço falar em próteses de silicone, corrupção, crime organizado, consumo e tráfico desapiedados de drogas, mortes em massa de seres humanos, de sexo irresponsável e prematuro de adolescentes órfãos de conhecimentos mínimos, de herbalife e de carrões “abençoados” adquiridos na base do financiamento esticado e de ganhos suspeitos, cujos proprietários, entes absurdamente alienados ainda colocam os dizeres em letras garrafais “FOI DEUS QUEM ME DEU”, numa afrontosa ofensa ao pai do homenageado, de forma que atordoado peço ajuda, me digam: Então é natal?
                                               Ah, já ia me esquecendo de verberar para os mais desavisados, que PSEUDESTASIA é a falsa sensação de alegria coletiva, sendo o natal para muitos, uma hipócrita sensação de contentamento, gerado pelo capitalismo que manipula e produz valores, fabrica costumes e desejos, a exemplo da ceia de natal, decoração, consumo de determinados alimentos, roupas, presentes, gerando para aqueles que não podem comprar insatisfações traduzidas na tristeza, conflitos familiares e as mais diversas revoltas.
                                               Então gente, vamos substituir essa falsa alegria pela alegria verdadeira, que vai muito além de presentes e mercadorias, cuja sociedade mercantilista e coisificada, com o uso competente da mídia, teve o poder de silenciar a religiosidade do natal, e comecemos a mudança arrancando as flores das nossas prisões consumistas, para que em seus lugares possam brotar flores verdadeiras, reais, uma vez que somente desse modo, a alegria imaginária (pseudestasia) cederá lugar a alegria real, a um mundo de amor, de felicidades, de entendimento e de terno respeito a todos os nossos semelhantes, e aí sim, universalmente irmanados poderemos perguntar: ENTÃO É NATAL? E também possamos responder num couro fraterno e uníssono: É, É, É TEMPO DE JESUS, É A HORA DO POVO DE DEUS...

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