Falarei
aqui sem nenhum remorso de que sinta alguma inveja pela magistratura, uma vez
que fui um dos primeiros colocados num concurso de juiz, fui nomeado duas vezes
e me recusei a assumir as "altas funções", achei que ficaria
engessado e não poderia produzir a contento em prol dessa massa esquálida,
sofrida, sem rosto, sem visibilidade, queria ser PROMOTOR DE JUSTIÇA E SOU COM
MUITA HONRA, COM A ALEGRIA MAIS SENTIDA e tenho certeza, acertei na escolha.
Jamais engoli a empáfia da maioria dos juízes, os
quais, atrasados no tempo e no espaço, pensam serem os senhores da razão, não
tiveram a percepção de sentir que o mundo evoluiu e nessa evolução todo o
trabalho produzido é importante, não tiveram a sensatez de perceberem que essa
classe se configura num retrato 3X4 da mais retrógada burocracia, que nas
farras do poder de outrora e hodiernamente, em orgias palacianas, somente
consomem e nada produzem. ME DIGAM O QUE PRODUZ O JUDICIÁRIO PARA O POVO
BRASILEIRO? produz um trabalho formal arrogante que só serve à elite desse País
e o pior de tudo, como dantes, continua a chafurdar nas orgias das salas de
honra, nos gabinetes refinados e repletos de apaziguados chamados modernamente
de assessores, onde se consome de tudo, menos a luta contra o sofrimento do
povo brasileiro, é uma casta cega, não consegue captar que o país não é mais
propriedade de senhores feudais e que suas colendas sesmarias devem se abrir ao
mundo dos que lhes custeiam, os contribuintes, e devem também quebrar as
fechaduras das suas casas grandes (as salas de audiência, a sala do tribunal
pleno, as salas das turmas e das câmaras recursais), para que os habitantes da
senzala possam nela penetrar, percorrer seus corredores, pois, o mundo mudou, o
país avançou, se modernizou e só os míopes, os tetraplégicos de inteligência
ainda pensam que vivem nos vetustos tempos medievos da senzala, acordem juízes,
ou vão padecer depois da linha do equador acocorados, humilhados, de forma
calada e rancorosa.
Os magistrados brasileiros, não conseguem entender
que a sua falta de humanismo dialético está gerando novos espaços de resolução
de conflitos dentro das comunidades onde surgem os espaços de mediação, é o
direito achado na rua, é o direito restaurativo, a demonstrarem que uma
sociedade esclarecida não precisa da tutela de juízes e mais ainda, esses novos
paradigmas expressam uma emancipação da tutela judiciária, que órfã de visão,
com suas togas dos tempos de antanho se fechou à modernidade e não conseguiu
enxergar os novos tempos.
Nesses novos tempos, não se tolera privilégios, é
extremamente boçal o conceito de carta e o mais sintomático, que todas as
profissões são igualmente importantes e aquelas que ostentaram regalias durante
o correr dos tempos, são vistas com desconfiança pela opinião pública, pela
nação de uma forma geral, e que semi-deuses, só existem nos contos de fadas, na
mitologia grega, nos poemas épicos de Homero, a Ilíada e Odisséia, em poetas
como Plutarco e Pausânias, sendo correto inferir e afirmar-se que a
magistratura atual é despossuída de Hércules, Ulisses, isto é bem cristalino,
mas a cegueira crônica não permite aos membros do poder judicante, vislumbrar
luzes, mas somente as trevas do passado que nada construíram, e é correto
verberar que os raios das luzes da razão ainda não adentraram nos salões
nobres, para dali removerem o mofo do mais absurdo arcaísmo.
Desta forma, entendemos que o posicionamento da Corregedoria do
CNJ é o correto, imagine termos colegas milionários, percebendo os mesmos
estipêndios que nós, desfilando ao sol do meio dia a pino, se exibindo de forma
despudorada, sem a obrigação de se justificarem, de forma que eles têm que sair
das sombras e explicarem qual a mágica utilizada, não só lá no judiciário, mas
também aqui, temo que tenhamos milionários que não conseguirão justificar seu
vasto e valioso patrimônio e então que morram o atraso, o enriquecimento
injustificado e suspeito, o pensamento ultrapassado e infeliz da carta privilegiada
e desprovida da clareza solar do conhecimento, que morra o sentimento de
semi-deuses dessa classe de burocratas e que VIVAM as iniciativas do CNJ
e que contagie também o nosso CNMP, pois, quem é limpo não tem nada a temer. Um
feliz ano novo (Marinho Mendes).